As imagens de pessoas sendo escoltadas por policiais militares para fora de uma das maiores cidades de Santa Catarina deveriam cair como uma bomba em qualquer gestão pública. No vídeo que ganhou o Brasil nas últimas horas, há inúmeros erros. Somados, eles formam um escândalo sem precedentes na história da segurança pública catarinense. Nada igual foi registrado ao longo dos anos, com tamanha falta da hierarquia dentro da Polícia Militar (PM) e crueldade com as pessoas em situação.

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Morador de rua detalha operação clandestina da PM em Itajaí: “Falaram que iam nos quebrar”

Diante disto, é inevitável que haja uma manifestação do governador Jorginho Mello (PL). Como se sabe, a PM-SC responde diretamente a ele. Como o comando regional da corporação em Itajaí confirmou que nada sabia sobre a operação vergonhosa, Jorginho precisa se posicionar sobre a perigosa quebra de ordem dentro da corporação. O mesmo precisa ocorrer por parte da secretaria de Segurança Pública e do comando-geral da PM-SC.

Todos precisam esclarecer um ponto específico: como, praticamente, todo efetivo de Itajaí se reúne para colocar em prática uma operação sem qualquer ordem de comando? Esta resposta é necessária para que os moradores de Santa Catarina ouçam do governo um esclarecimento. Além do risco direto às pessoas submetidas a uma situação cruel durante a noite de Itajaí, está em jogo a confiança dos catarinenses sobre situações semelhantes.

Fica aberta a sensação perigosa de que policiais militares podem agir à revelia sem que o comando da corporação saiba o que está acontecendo, o que inadmissível. A confirmação da PM-SC de que nada sabia sobre a operação é um reconhecimento de erro interno e perda de comando. Tudo digno de cobranças internas severas e duras.

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Para completar, as imagens escancaram um tratamento desumano, corroborado por relatos pesados de pessoas submetidas ao método escandaloso. A relação com pessoas em situação de rua é um desafio para todas gestões públicas brasileiras. Em nenhuma delas, pelo que se sabe, houve algo igual. Fora de Itajaí, o que se vê é a tentativa das prefeituras em tratar a questão de forma humana, acima de tudo. Na noite desta segunda-feira (30), entretanto, a PM-SC agiu totalmente na contramão do que se espera.

Um Estado com níveis de segurança altos e reconhecimento externo da qualidade das polícias não pode aceitar um caso como o que ocorreu no Litoral catarinense. A ocorrência mancha a história de SC. Um caso sem precedentes, que merece uma reação interna de igual forma.

O que diz a SSP-SC

Em nota a secretaria se manifestou: “A Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP) acompanha com atenção os fatos noticiados e os desdobramentos ao longo do dia, bem como se inteirou acerca do procedimento a ser instaurado para a devida apuração no âmbito interno da Polícia Militar de Santa Catarina, mantendo a posição firme e inabalável na defesa da legalidade e dos direitos humanos”.

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