Mesmo aprovado em Jornalismo numa faculdade na minha cidade, decidi manter os planos de entrar em uma universidade federal. Fomos em um grupo de pré-vestibulandos até Porto Alegre atrás do sonho da UFRGS, todos dentro de um micro-ônibus. Era janeiro de 2006. Nos hospedamos em um hotel para encarar a longa maratona de CINCO dias de provas.

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Todos os dias pela manhã, uma pequena van buscava grupos de estudantes para distribuir pelos locais do vestibular. O meu era o primeiro. Ficávamos, eu e um colega, logo cedo na frente da escola. Faltava mais de uma hora para os portões abrirem. E a gente estava lá sentado tentando relembrar alguns conteúdo que fizessem a diferença.

Nos primeiros dois dias era só euforia, tensão e concentração. Mas aos poucos o corpo e a mente foram sentindo. No quinto dia, o resultado de dormir tarde na noite anterior, acordar 5h, esperar por mais de hora sentado, usar toda a concentração possível e ainda estudar um pouco mais para a prova seguinte acabou batendo. Cheguei cedo, como sempre. O cansaço era nítido, e logo no começo da prova veio o cansaço forte. Não resisti, cheguei a cochilar por alguns instantes com a caneta na mão.

Mesmo desconcentrado, consegui me recuperar e finalizar a prova. Longe do ideal, nem de uma forma que me orgulho, obviamente. Fiquei frustrado por não conseguir vencer a maratona de cinco dias e também por ser reprovado no vestibular da federal.

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Tanto pela complexidade da prova como pelas maratonas – agora menores -, que exigem concentração e muita dedicação, é que admiro e compartilho da alegria dos aprovados em universidades federais. O listão da UFSC divulgado na última semana inundou as redes sociais de alegria, tanto de pais orgulhosos como dos próprios estudantes. Não tive este gostinho, infelizmente, mas sei do tamanho da dificuldade. Por isso é que valem todas as comemorações. O sonho da federal se conquista sob muita dificuldade e, de preferência, acordado.

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