A demora de quase cinco horas para a solução do novo incidente em cima da ponte Pedro Ivo, em Florianópolis, fala muito sobre como as autoridades tratam a mobilidade urbana da Capital catarinense. É a segunda vez que o mesmo problema ocorre em cinco meses. Na única estrutura existente para entrar na Ilha, na principal ligação do Estado. Sem menosprezar outros locais de Santa Catarina, mas as duas pontes deveriam ser prioridade na infraestrutura.
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A mais grave das revelações que surge com o problema deste sábado é a demora para a reação dos órgãos responsáveis. A peça se soltou pouco antes das 8h. Quem deveria arrumar a peça é a Cejen Engenharia, contratada em fevereiro para reformas as pontes. Entretanto, a Engevix, responsável pela fiscalização da obra, é que chegou primeiro para tentar uma solução. Ela só foi encontrada ao meio-dia, quando chegou o caminhão da Cejen para fazer o conserto paliativo. Aliás: o serviço de fevereiro, quando a mesma peça se soltou, não foi o suficiente?
Neste sábado, somente para o começo do trabalho foram quatro horas. Neste tempo, a única entrada da Ilha, o ponto central da Capital catarinense, ficou parada. Sorte que não era dia de semana, diz a maioria das pessoas. Mas não é bem assim. Este sábado, 6 de julho, tem vestibular da UFSC e um grande evento no Centrosul para milhares de pessoas. A fila na região continental foi de dar inveja nos congestionamentos dos dias de semana. Coqueiros e Estreito que o digam.
A demora para o conserto expõe como não estamos preparados para enfrentar uma situação inesperada nas pontes. E mostra o motivo de nossa mobilidade urbana ser uma das piores do Brasil. Em casos como o deste sábado, a resposta deveria ser rápida. Duas ou três ligações resolveriam e a equipe seria acionada. Mas, pelo jeito, não existe um protocolo de emergência.
Está situação revela aindauma imagem preocupante diante de quem pretende investir ou fazer eventos na Ilha. Os organizadores ficam reféns de uma mobilidade instável. Estamos sob o medo de um parafuso quebrar e o trânsito parar. Para piorar, não há uma reação rápida.
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Falta gestão de trânsito baseada em um plano de contingência. A Defesa Civil começou há meses a fazer o documento que deveria existir há décadas. Mas os órgãos de trânsito deveriam saber como lidar em casos assim.
Vamos lá: quem é acionado primeiro? Quem chama a secretaria de infraestrutura? Há engenheiros e técnicos de sobreaviso? Como a PM e a Guarda vão cuidar do trânsito? Há esquema alternativo de trânsito? Em uma cidade que sabe encarar a mobilidade, estas perguntas seriam respondidas facilmente. Só que em Florianópolis é diferente. O problema na Pedro Ivo é o reflexo da falta de habilidade para lidar com o trânsito.
As duas pontes são as principais estruturas de mobilidade de Santa Catarina. Isso é indiscutível. Caberia ao Estado colocar uma equipe dedicada somente a elas com exclusividade. Os olhos das autoridades precisam estar voltadas para as estruturas. Caso contrário, a terceira vez será questão de tempo.