Os 25 segundos para inclusão, discussão e votação de um aumento de custos milionário para a Câmara de Vereadores de Florianópolis, aprovado pelos próprios parlamentares, falam muito mais do que o pequeno espaço de tempo que representam. Eles dão sinais preocupantes da falta de conexão entre os reais problema da Capital catarinense e o que o Legislativo enxerga como primordial.

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Os vereadores aprovaram um vale-alimentação de R$ 1 mil, além de criarem condições para aumentar as verbas de gabinete. Mensalmente, cada parlamentar recebe R$ 15,3 mil como salário. Seria realmente necessário ter mais uma contribuição do dinheiro público para as refeições? Como se os R$ 15,3 mil fossem pequenos diante das necessidades básicas de qualquer um dos vereadores.

O texto do projeto de lei afirma algo ainda mais alarmante. A justificativa para o vale-alimentação é essa: "o programa de auxílio-alimentação tem por objetivo contribuir para melhoria das condições de alimentação dos servidores públicos e dos agentes políticos da Câmara Municipal de Florianópolis e, em consequência, proporcionar meios para o aumento de produtividade e eficiência funcional". Resumindo, a proposta diz que os parlamentares precisam do valor para produzir mais.

A imagem dos vereadores e da Câmara, entretanto, ficou em segundo plano com uma votação às pressas. Tudo feito com um só objetivo: esconder o aumento de custos da população. Tanto é que com a divulgação da informação e a óbvia repercussão, o presidente da Câmara, Roberto Katumi (PSD), decidiu propor a revogação do vale-alimentação. Ou seja, a ideia era realmente fazer tudo sem qualquer divulgação.

Exemplo disso foi a celeridade. O projeto entrou na Casa no mesmo dia, 10 de julho. E passou em poucas horas pelas comissões necessárias. Sem falar que no dia seguinte começava o recesso parlamentar para a retomada dos trabalhos somente em 5 de agosto. Mais um sinal de que a construção de cenário era ideal para aprovar os custos e deixar o assunto se perder no tempo pelas próximas semanas.

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Por mais que a proposta seja revogada em parte ou na sua totalidade, a imagem da Câmara de Vereadores sai bastante arranhada. O pior resultados da votação apressada é a perda da confiança da população, já bastante descrente com a classe política. Os 25 segundos certamente mudam a forma com que os moradores da Capital vão enxergar o Legislativo.

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