Alvo de críticas de uma ala do seu partido por conta de posicionamentos recentes, o governador de Santa Catarina, Carlos Moisés da Silva (PSL), falou na manhã desta segunda-feira à coluna sobre as manifestações contrárias e as reações dos deputados estaduais Ana Caroline Campagnolo e Jessé Lopes. Nos últimos dias, os dois parlamentares do PSL colocaram Moisés no centro das suas reclamações, principalmente depois de terem divulgado que o governador pediu a expulsão de ambos do partido.
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À coluna ele falou sobre as reações diante de seus posicionamentos e afirmou que o governo não se envolveu no pedido de abertura de processo contra Ana e Jessé na executiva nacional do PSL. Leia abaixo a transcrição completa das duas perguntas feitas ao governador sobre o assunto:
O senhor se sentiu ofendido com os posicionamentos recentes dos deputados Ana Caroline Campagnolo e Jessé Lopes?
Primeiro é importante frisar que a manifestação do governo Moisés, tanto em jornais, como a Folha de S. Paulo, nunca citou ninguém, nunca chamou especificamente alguém de radical. Então eu não sei se com a forma, enfim, abrangente como falei, alguém se enquadrou nessa condição ou se viu nessa condição. Mas eu nunca acusei ninguém de ser radical. Inclusive meu tom de voz em relação ao presidente da República, Jair Bolsonaro, foi sempre de que eu não o considero um radical. Falei do relacionamento dele com a imprensa, inclusive, que às vezes o pega num horário não muito bom, que ele tem personalidade forte, mas que todas as vezes que eu estive com o presidente a conversa foi leve, rimos muito. Sempre ri muito com o presidente, todos os encontros que estive com ele, é um sujeito leve para conversar. Então, o que aparecem esses recortes da imprensa não é o presidente Jair Bolsonaro. A conversa com ele sempre flui de maneira muito leve. A questão dos deputados, eu tenho feito algumas, por exemplo, a questão da Amazônia. Vejo que levantam como se fosse um posicionamento de esquerda e tal. Eu vi, ontem, que a ministra Damares (Alves) vai entregar para o presidente da República uma lista dos índios de todo o Brasil que se comprometeram a ir combater os incêndios na Amazônia. Se os índios podem ir combater, os bombeiros militares, voluntários e civis dos Estados do Brasil não podem? Entende… Então, nós temos que estender a mão. Essa é a linha de ação do governo, de solidariedade. Quando mandei para Brumadinho e para Mariana, em Minas Gerais, apoio, equipes, conversado obviamente com o governador Zema, já ele tem que aceitar a nossa ajuda, e o pessoal foi, a gente não teve nenhuma crítica. Era uma ação de solidariedade a um Estado vizinho. Se acontecer algo em Santa Catarina, eu vou pedir aos Estados, se nossa Mata Atlântica aqui estivesse sendo devastada, eu vou pedir para os outros Estados que me ajudem. Então foi um ato de ajuda mútuo, isso é muito comum entre os governadores, que acho que foi mal interpretado por quem quer que seja, que estão falando em redes sociais. Outro ato muito mal interpretado que hoje eu fiquei sabendo por rede social, que a Polícia Militar tem um programa, um tema transversal, no curso de formação de sargentos ou no curso de aperfeiçoamento de sargentos. É um programa transversal que recebeu pessoas do segmento LGBT, dos moradores de rua, povos indígenas, todos os temas transversais que a PM lida em sala de aula, para que eles ouvissem como se relacionam com a polícia, até porque eles são comandantes das guarnições nas ruas para que entendam como eles fazem essa abordagem. E isso foi atribuído ao governo como um tema de esquerda, como um tema de partidos de extrema esquerda e que o governador é responsável. Parece até que já formalizaram ao comandante-geral da PM, o coronel (Araújo) Gomes, um pedido de informações, se essa ação é pedido do governador. Então vejam que temos uma visão muito míope em relação a essa coisa de extrema esquerda, extrema direita. O Brasil precisa conversar, precisamos unir forças, nos aproximarmos. Penso que a caridade, a tolerância com o diferente da gente, da opinião diversa, ela tem que se harmoniosa, tem que trazer paz ao convívio. Não podemos levantar bandeiras de fato muito radicais, extremistas, de que tudo que se faz, seja com os povos indígenas, seja com o LGBT, o segmento, com morador de rua, ou quem quer que seja, é algo que não podia ser feito, que é um segmento que não podia ser ouvido. O Estado está aqui para ouvir todas as pessoas, para trabalhar as pessoas, e nós temos que unir todos, inclusive para retirar as pessoas da condição de vulnerabilidade. Seja LGBT, que trabalha na profissão do sexo, seja o índio, ou aquele que dorme na rua. Precisamos trabalhar, o papel do Estado é retirar as pessoas da condição de vulnerabilidade. Então como a polícia não pode se envolver nisso? Eu vejo assim, que precisa aprofundar. Essas pessoas que estão criticando precisam aprender, precisam estudar um pouco mais e eliminar o seu discurso de ódio. O discurso de ódio não vai ajudar a ninguém.
O senhor pediu a expulsão dos dois deputados do partido, tanto a Ana Campagnolo quanto o Jessé?
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Nunca misturei governo com partido. Então os senhores podem ter certeza que essa ação que eu estou vendo hoje acontecer que não se trata de expulsão, até onde eu sei e fui informado oficialmente. Se trata de uma denúncia de filiados do PSL à nacional que baixou para investigação. O governo está fora disso.