A sinalização dada pelo governo federal de um novo leilão para importação de arroz acendeu um alerta em Santa Catarina. A preocupação se deve aos números: o Estado é o segundo maior produtor nacional de arroz, responsável por 146,1 mil hectares de área plantada e 1,2 milhões de toneladas produzidas, o que representa 11,1% da produção nacional. O governo federal alega que precisa fazer o leilão para evitar a alta nos preços do grão por conta das enchentes ocorridas no Rio Grande do Sul, maior produtor nacional de arroz.
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A decisão preocupa a Federação das Associações Empresariais de Santa Catarina (Facisc), pois em SC, assim como no RS, as vendas de arroz catarinense podem ser penalizadas pelo excesso de concorrência dessas importações, que serão vendidas a menores preços. Em Santa Catarina, de acordo com a entidade, são 205 estabelecimentos que cultivam, beneficiam e fabricam produtos de arroz, sendo que a grande maioria são micro e pequenas empresas, que lidam com custos elevados na produção. Além disso, a estimativa de produção de arroz no Brasil para 2024 está 4,5% maior que o ano passado.
Para o diretor de ferrovias e agronegócio da Facisc, Lenoir Broch, é fundamental que nesse momento, os esforços sejam focados não para realizar leilões de importação de arroz, e sim para subsidiar as próximas colheitas de grãos no Rio Grande do Sul, além de incentivos financeiros para criação de outras áreas produtivas de arroz no país.
– Tanto no Rio Grande do Sul, como no restante do país, incluindo SC, a produção de arroz está em patamares inferiores à sua média histórica, e não necessariamente por conta das inundações, e sim pelos elevados custos de produção. Muitos produtores acabam optando pelo cultivo de outros grãos mais rentáveis, como a soja – alerta.
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O último leilão realizado foi anulado por indícios de incapacidade técnica e financeira das empresas vencedoras. Segundo dados levantados pelo Centro de Inteligência e Estratégia da Facisc, no Rio Grande do Sul, cerca de 84% do grão foi colhido antes de iniciar as catástrofes climáticas, o que contribuiu para que sua produção esteja ainda com crescimento estimado de 6,3%, em relação a maio de 2022. Além disso, Santa Catarina irá praticamente manter a área colhida do grão em relação a 2023, enquanto Mato Grosso, responsável por 3,2% da produção nacional, possui estimativa de crescimento na ordem de 23%.