O pior dia do coronavírus em Santa Catarina fez o governo do Estado agir. As 59 mortes confirmadas na sexta-feira, 17 de julho, geraram um mudança de cenário necessária. O governador Carlos Moisés da Silva deu sinais de retomada da gestão da pandemia. Os próximos dias vão dizer se as medidas serão suficientes para conter a ascensão da triste curva da doença e também se elas poderiam ter sido adotadas antes.
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SC tem novas restrições em sete regiões com risco gravíssimo para coronavírus
As cobranças ao governo vinham de todos os lados. Prefeitos, Ministério Público (MP-SC) e técnicos da própria Secretaria de Saúde pediam ação. No caso das prefeituras, há um porém: também cabia a elas agir. Como muitas nada fizeram, o Estado deveria intervir. A demora para fazê-lo pode ser compensada com um retomada das rédeas da gestão da crise a partir do ato de Carlos Moisés.
Foram necessárias poucas horas para que prefeitos reagissem. Alguns que pediam uma intervenção, agora reclamam, enquanto há quem pede mais, como o prefeito de Blumenau. Houve também, no caso de Joinville, reclamação da falta de consulta aos municípios. Fato é que uma ação era necessária. O tamanho das medidas pode ser discutido e analisado conforme cada região, mas o catarinense não poderia mais ficar esperando o “jogo de empurra” e cobrança de responsabilidades. SC pede socorro com números preocupantes.
Ainda há campo para uma melhora na efetividade da regionalização. Em algumas das áreas, as proibições impostas pelo governo já existiam por parte das prefeituras. A missão de Moisés a partir de agora é seguir na linha de frente. Ele tem a responsabilidade de mostrar que o decreto desta sexta-feira não foi uma medida isolada.
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Cabe ao governador se aproximar das regiões atingidas pela decisão para discutir o reforço no atendimento de saúde e a ajuda econômica aos setores restringidos. O secretário de Saúde, André Motta Ribeiro, tem sido a pessoa da linha de frente, mas o momento pede que Moisés se utilize da sua posição de comando para mobilizar.
Especialistas em saúde apontam o isolamento social como fundamental para a contenção dos casos. Isso não impede o Estado de continuar suas ações na melhora da estrutura de hospitais para ampliação de leitos de UTI, além de uma restagem maior dos catarinenses. O trabalho de enfrentamento à pandemia tem várias frentes, mas precisa de um comando.
No começo da semana, quando anunciou restrições que praticamente já existiam, o governador frustrou porque se esperava medidas mais duras, não necessariamente de fechamentos, mas de postura do Estado. Os novos sinais de Moisés somente serão positivos caso ele siga na linha de frente. E isso significa agir, com ônus e bônus. No caso do último efeito, espera-se que o quanto antes seja a redução significativa da curva da doença em SC.
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