O governador Carlos Moisés da Silva resumiu na entrevista dada ao colega Raphael Faraco, da NSC TV, a postura adotada pelo Estado para o enfrentamento à pandemia do coronavírus. Destacou a abertura de leitos de UTI – 150% desde março de 2020 – e acenou para os setores econômicos com a intenção de dar mais previsibilidade às ações. Moisés, por outro lado, naturalizou a morte no momento mais crítico da doença em Santa Catarina.
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Ao final da entrevista que foi ao ar nesta quarta-feira (17), no Jornal do Almoço, Faraco questionou o governador sobre a situação preocupante por conta das mortes e o que poderia ser feito para frear a contaminação. Como resposta, Moisés disse: “há um percentual de pacientes em que a doença agrava e ele vem a óbito. Isso é natural da doença, a perda da vida”. Mais adiante, afirma que o é preciso “muita coragem para enfrentar essa dificuldade”. Para finalizar a resposta, diz que governo está acertando.
Antes, em outro trecho, afirmou que as pessoas precisam saber conviver com o vírus. Isso tudo no momento em que há mais perdas de vidas de catarinenses e que o sistema de saúde está em colapso – reconhecido pela própria secretaria estadual de Saúde.
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A única fala de Moisés para se referir aos mortos de forma solidária foi ao citar as mais de 280 mil vias perdidas no Brasil, sem citar especificamente os nove mil catarinenses vítimas da doença. Faltou empatia com a grave situação local. Apesar de ser um ato extremamente simbólico, é o que se espera do líder político de maior relevância do Estado.
Não há problema alguma em defender equilíbrio na tomada de decisões sobre a pandemia, como Moisés indicou na entrevista. Ele acerta, aliás, quando promete previsibilidade para os setores econômicos. Isso também serve para a área da saúde, que depende de decisões impactantes para ver a fila dos leitos de UTI diminuir neste momento crítico.
Ao indicar que as mortes são “naturais”, o governo também “lava as mãos” e se segura na tese de que está abrindo leitos de UTI, aplicando protocolos seguros para a retomada econômica e melhorando a rede de saúde. Com isso, “terceiriza” a responsabilidade para a gravidade da Covid. Mas, na prática, Moisés tem responsabilidade em cada tomada de decisão que impacta o rumo da pandemia. Cabe a ele o comando do Estado, mesmo que tente naturalizar a perda de vidas por conta da agressividade da doença.
Ao final da entrevista, Moisés não deixou claro nem que terá um plano econômico para salvar setores atingidos, muito menos que está preocupado em evitar a proliferar a doença que mata.
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A mensagem final é preocupante diante de uma fila de espera com 422 pessoas tentando um leito de UTI. As próximas semanas, apontam os especialistas, serão de muitas dificuldades para a área da saúde. Ainda há tempo de Moisés mostrar que está preocupado em salvar vidas em vez de naturalizar a morte.
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