O Ministério Público Federal (MPF) concluiu sua análise da operação Ouvidos Moucos, feita pela Polícia Federal em 2017 com foco nos contratos de fundações da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). À época, o então reitor da instituição, Luiz Carlos Cancellier, foi preso temporariamente. Menos de um mês depois, ele cometeu suicídio.
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A denúncia do MPF é assinada pelo procurador André Bertuol. O órgão não confirma as informações sob a justificativa de que o processo está sob sigilo, mas a coluna conseguiu checar que a representação ocorreu há duas semanas. Treze pessoas foram denunciadas pelo MPF.
Agora o avanço do processo depende da juíza responsável pelo caso, Janaína Cassol Machado. Ela precisa decidir pelo aceite da denúncia ou pelo arquivamento. O MPF demorou um ano e três meses após a conclusão do inquérito da PF para fazer a denúncia.
O inquérito da PF apontou em 817 páginas 23 indiciados, entre eles oito professores da instituição. Escutas telefônicas, extratos e transações bancárias, comprovantes, planilhas administrativas, notas fiscais e e-mails compõem boa parte do documento. Segundo a PF, parte dos indiciados teria destinado verbas de bolsas para complementar os próprios salários ou para terceiros, sem terem prestado os devidos serviços.
A investigação revelou que fundações de apoio teriam contratado serviços de forma irregular, com dinheiro público. Concluído, o inquérito não é claro sobre o valor total que teria sido desviado dos cofres públicos. Diz apenas que uma parte das investigações apontou que o total de valores indevidamente aplicados teria sido de quase R$ 3,27 milhões.
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Cencellier não foi indiciado pela extinção de punibilidade com sua morte, mas ele é citado no inquérito para “demonstrar seu envolvimento com os fatos investigados", diz a PF no documento.