O Ministério Público Federal (MPF) denunciou nesta segunda-feira seis pessoas por lavagem de dinheiro dentro da Operação Alcatraz. O presidente da Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc), Julio Garcia (PSD), é um dos nomes, além de familiares dele e um empresário do ramo de tecnologia. O processo tramita em segredo de Justiça. O parlamentar havia sido indiciado em outubro de 2019 pela Polícia Federal (PF) por quatro crimes na investigação sobre supostas irregularidades dentro da secretaria de Administração do Estado. A denúncia entregue no sistema da Justiça Federal no final da noite desta segunda-feira (14) diz respeito à lavagem de dinheiro.

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Na informação divulgada pelo MPF, Garcia foi citado como ex-conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE-SC), condição que ocupava na época da investigação. De acordo com o órgão, as seis pessoas denunciadas nesta segunda são acusadas "de lavagem de dinheiro, por ocultarem a origem, disposição, movimentação e propriedade de recursos oriundos de propinas recebidas em licitações e contratações fraudadas e de bens adquiridos com esses valores".

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A força-tarefa da operação Alcatraz também quer a reparação de, no mínimo, R$ 2.337.691,31 (em valores da época). O valor foi apurado durante a investigação. O MPF diz que os "fatos objeto da denúncia envolvem vultosos pagamentos realizados pelo operador financeiro para a aquisição de bens – apartamentos, terreno e 103 vagas de garagem em prédio comercial – e outras despesas pessoais do ex-conselheiro e de seus familiares, com recursos oriundos de contratações e licitações fraudadas pela organização criminosa".

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O órgão ainda aponta a ligação do presidente da Alesc com um empresário, que seria o operador financeiro e teria uma "conta corrente" com o agora presidente da Assembleia, conforme aponta a investigação da PF. Os repasses do operador para Garcia, de acordo com o MPF, teriam sido de R$ 2,7 milhões. A coluna inicialmente publicou que Nelson Castelo Branco Nappi Junior, ex-secretário adjunto de Administração do Estado, estava entre os denunciados, o que não se confirma. Ele é réu em outras ações da operação Alcatraz e nega envolvimento nos crimes investigados.

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Os valores de propina, de acordo com a denúncia, são oriundos de licitações e contratações fraudadas realizadas até 2018. A nova denúncia apresentada na Justiça Federal de Florianópolis é assinada pela subprocuradora-geral da República Samantha Chantal Dobrowolski e pelos procuradores da República Alisson Campos, Carlos Humberto Prola Junior, Douglas Guilherme Fernandes e Mário Sérgio Ghannagé Barbosa.

Contraponto

Assessoria do deputado Julio Garcia disse ele não tem nenhuma informação sobre a denúncia. Antes de ter acesso ao material, o parlamentar não vai se manifestar.

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