Foi mais de uma vez. O governador de Santa Catarina, Carlos Moisés da Silva, tentou desvincular sua imagem da compra dos 200 respiradores da empresa Veigamed. Atingido com força pela investigação que comprovou a aquisição fraudulenta por R$ 33 milhões, o chefe do Executivo procurou tornar este um assunto do passado. Mas não conseguiu. A investigação iniciado pela força-tarefa em SC e agora assumida pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) não permite que a imagem seja desvinculada.
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O episódio dos respiradores está colado no governo Moisés. E assim será para a história. Por mais que o governador reforce o discurso sobre as entregas feitas neste um ano e nove meses de gestão. Mas para o cidadão catarinense a compra dos equipamentos que seriam usados no combate à pandemia do coronavírus passou a marcar mais. Basta uma pesquisa rápida nas redes sociais do próprio governador. As cobranças dos catarinenses são constantes.
Moisés tem dito que acionou os órgãos de investigação internos para apurar a fraude. Até agora, R$ 14 milhões foram recuperados. Contudo, ainda há mais peças a serem encaixadas no quebra-cabeças da investigação que assombra o governo do Estado. Por mais que tente fazer no sentido contrário, o episódio dos respiradores continuará colado à atual gestão de forma mais intensa pelo menos até que a Polícia Federal (PF) conclua a sua investigação.
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Mesmo que ao final do inquérito Moisés seja deixado de fora do indiciamento, ainda assim a compra fraudulenta seguirá vinculada ao atual governo. E isso repercute diretamente na imagem da gestão e daquilo que repercute para as pessoas. Ao ponto de atualmente parte dos catarinenses acreditarem que o processo de impeachment mais avançado em andamento está ligado ao fato dos respiradores, algo que não é real.
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A equiparação salarial, motivo concreto da denúncia que pode afastar o chefe do Executivo do cargo, é apenas um caminho. Mas o clima negativo para Moisés agravou-se com o episódio dos respiradores. Um tema sensível, ainda mais tempo de coronavírus. Por mais que tente virar a página, o governo ainda terá de conviver com os capítulos que tendem a surgir.