Em um ano e meio de governo Moisés, a principal crítica dos oposicionistas e das entidades civis organizadas era focada na articulação. Nos últimos dois meses, em contrapartida, Carlos Moisés da Silva tenta tirar o atraso, principalmente porque esse será um fator fundamental para salvá-lo do impeachment em tramitação na Alesc.

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Moisés diz que impeachment não tem base jurídica e personifica Júlio Garcia como adversário

Logo nos primeiros meses de gestão, apesar de espantar, a ausência do governador em eventos antes marcados pela presença dos chefes do Executivo estadual era abonada pela estreia do comandante da reserva dos Bombeiros na política. Mas com o passar dos meses a atitude tornou-se um hábito. Moisés claramente tinha a intenção de se afastar da rotina de antigos governadores, parecia buscar um modo diferente de governar.

O problema é que ele se afastou demais. No primeiro ano de governo, apesar da aprovação da Reforma Administrativa, estabeleceu batalhas complexas que passaram a distanciá-lo ainda mais de grupos importantes para a articulação. Em entrevista aos colegas Renato Igor e Upiara Boschi, em junho deste ano, o presidente da Alesc, Julio Garcia (PSD), deu o tom sobre 2019: “o governo teve uma carência da sociedade e também do parlamento”. A dificuldade de Moisés é que a cobrança da carência bateu à porta em meio à pandemia e com a abertura do processo de impeachment.

Nas últimas semanas é perceptível a mudança de postura do governador para se articular. Passou a fazer em dois meses o que não havia feitos nos primeiros 18. Recebe com mais frequência entidades, viaja para inaugurar obras, participa de eventos de diferentes pastas. Tudo isso, é claro, amparado por parlamentares, seu maior alvo no momento.

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Do ponto de vista de entregas, Moisés tem a mostrar no primeiro ano e meio, mas falta a articulação para potencializá-las. Não há quem repercuta as ações do governo a não ser a própria equipe de primeiro escalão através de suas falas, além de alguns assessores. Mas isso ainda é pouco para um governo que precisa de apoio.

Sinais da tropa

Aumentaram os sinais de apoio ao governador Carlos Moisés da Silva (PSL) na Assembleia Legislativa (Alesc). Ainda parece distante dos 14 votos necessários para evitar um afastamento, mas a tropa do comandante Moisés deu as caras. Nas últimas sessões, além de manifestações da líder Paulinha (PDT), os colegas de partido do governador, Coronel Mocellin e Ricardo Alba, foram enfáticos no discurso contra o impeachment.

O tucano Vicente Caropreso também saiu em defesa do governo, assim como Marcius Machado (PL). Para quem tinha defesas eventuais, Moisés passa a enxergar sinais de avanço no momento em que mais precisa.

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