Não há “saúde” no decreto do governo de Santa Catarina que flexibiliza o uso de máscaras por crianças entre 5 e 11 anos no Estado. O que há é política e ideologia. Caso o foco fosse mesmo a saúde, o texto assinado pelo governador Carlos Moisés da Silva, pelo chefe da Casa Civil, Eron Giordani, e pelo secretário de Estado da Saúde, André Motta Ribeiro, não seria mal feito e confuso. Primeiro, o texto fala que os pais terão o direito de escolher pelo uso ou não por parte dos filhos. Depois o texto alerta que o uso é recomendado em SC.

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A explicação para isso está justamente na forma com que as coisas aconteceram. Foi tudo num dia só: 2 de março. Técnicos da secretaria de Saúde fizeram um parecer alertando para a importância da máscara. O secretário André Motta fez outro no mesmo sentido, falando sobre o uso do equipamento para evitar o vírus, mas admitindo a flexibilização. E assim o governo construiu um decreto contraditório sem muito detalhamento. O Estado perdeu uma oportunidade de condicionar a liberação das máscaras ao aumento da vacinação infantil contra a Covid-19, além de ter gerado um efeito cascata de liberações por prefeitos.

Até o dia da liberação, eram apenas 28,5% do público entre 5 e 11 anos com a vacina no braço. Baixíssimo. Para piorar o cenário incoerente do governo diante deste caso, na semana anterior à publicação do decreto atual, a secretaria de Saúde emitiu um texto em que demonstrava preocupação com o crescimento de casos e das internações entre as crianças.

Nos primeiros dias após a publicação da liberação das máscaras para crianças, nenhuma autoridade falou sobre o assunto. O governador, tão atuante nas redes sociais, ficou em silêncio. O secretário de Saúde, também usuário frequente dos perfis nas redes, seguiu pelo mesmo caminho. O que demonstra a falta de convicção e um governo mesmo técnico do que se falava.

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As máscaras deixarão de ser exigidas em SC de qualquer forma em breve. Isto é questão de tempo. O problema é que ao liberar sem qualquer condicionante no caso das crianças o governo não se ajuda e ainda causa ruídos na sociedade.

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