A compra fraudulenta de 200 respiradores pelo governo do Estado é um marco na gestão Carlos Moisés da Silva (PSL). Desde a reportagem do site The Intercept Brasil, que revelou as irregularidades no processo, foram pelo menos sete trocas no governo – duas delas diretamente relacionadas à investigação -, além de uma mudança de postura do pesselista. Em entrevistas recentes, Moisés adotou um discurso propositivo, foi para o confronto. Visivelmente, quer tirar do foco da compra dos respiradores.

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Entrevista com Carlos Moisés: “O governo não foi omisso”

Para isso passou a divulgar o pagamento de dívidas, obras, investimentos em saúde. A mesma postura tem sido adotada por seus apoiadores e comissionados no governo. Eles usam as redes sociais para divulgar informações sobre ações do Executivo. A tentativa, claramente, é de virar a página, mas não tem sido tão simples.

Uma atrás da outra

As dificuldades em virar a página vêm aos poucos. Primeiro foi a prisão do ex-chefe da Casa Civil, Douglas Borba. O governo vinha de uma semana de novidade, agendas do governador fora do Estado. Depois a imagem de Moisés em uma festa junina em Gaspar. Por fim, na última semana, a decisão judicial que remeteu o processo dos respiradores para o STJ. No meio de tudo isso, a CPI dos Respiradores causa repercussão e convoca secretários às sessões. Enquanto tenta se reerguer do baque na compra dos equipamentos, o governo ainda precisa lidar com o externo e suas próprias atitudes.

Respiradores: relatório indica envolvimento de ex-secretários e atual titular da Saúde

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Os mais recentes vieram na sexta-feira, com a exoneração do recém-empossado chefe da Casa Civil, Amandio João da Silva Junior, e a crise na Controladoria-Geral do Estado (CGE).

Por exemplo

Um sinal de que a estratégia de comunicação do governo mudou está no episódio da ida do processo dos respiradores para o STJ. Poucas horas depois de sair a decisão judicial, Moisés concedeu uma coletiva de imprensa. Recebeu os jornalistas e respondeu às perguntas no mesmo tom que vêm adotando depois da compra desastrosa dos equipamentos. Antes dessa mudança de comportamento, e ainda em fatos que envolveram os próprios respiradores, havia uma demora na reação ou até poucas explicações.