Há exatamente um ano, o governador Carlos Moisés da Silva (sem partido) vivia o começo de uma turbulência política sem precedentes. No final de julho de 2020, o então presidente da Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc), deputado Julio Garcia (PSD), havia aceito um pedido de impeachment contra Moisés na denúncia do aumento salarial dos procuradores. Sem articulação no Legislativo, o governador estava a poucos passos de ser afastado. Mas, como bem sabemos, o cenário mudou completamente na votação do impeachment no Tribunal de Julgamento e Moisés voltou ao cargo. Agora, em agosto de 2021, o governador de SC vive um momento político inverso. E prova disso foi a votação da Reforma da Previdência na Assembleia.
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Com 30 votos em um dos projetos e 29 em outro, o governo Moisés “passou o trator” na votação. O termo usado entre aspas já era dito nos bastidores antes mesmo da análise em plenário por diferentes fontes ouvidas por este colunista. Um servidor que será atingido pelas mudanças reconheceu a derrota minutos antes da votação: “o governo vai ‘tratorar’ hoje”. E “tratorou” mesmo. Não houve espaço para qualquer alteração que estivesse fora dos planos do Executivo.
Uma das provas de que a articulação já havia sido definida e os debates em plenário foram apenas protocolares está num movimento que passou imperceptível. Todas as emendas discutidas através de requerimento durante a sessão haviam sido apresentadas ao projeto original de governo. No entanto, o Executivo enviou um substitutivo global posteriormente, e nenhuma das emendas estavam ligadas ao novo texto. Com isso, caso alguma delas fosse aprovada nesta quarta-feira, seria sem eficácia porque o que estava em discussão era justamente o substitutivo.
Movimentos como esse jamais aconteceriam na articulação de 2020. Para quem acompanhou votações do ano passado de projetos do governo, o que se viu na Reforma da Previdência foi quase irreconhecível. As bancadas mais representativas como o MDB e o PSD foram integralmente favoráveis às propostas votadas. Mesmo com resistências de servidores, os parlamentares mostraram fidelidade ao que foi articulado pelo chefe da Casa Civil, Eron Giordani.
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Coube a ele o papel de garantir a aprovação da Reforma. Tanto que na manhã de quarta-feira (4), poucas horas antes da votação, Eron esteve na Alesc e participou de reuniões com deputados para os alinhamentos finais do que seria discutido e votado. Tudo estava dentro do roteiro. O governo previu cada passo, e contou com a base fiel para garantir o avanço dos projetos e ganhar tranquilidade para futuros movimentos que necessitem do apoio da Assembleia.
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