Florianópolis revive neste janeiro de 2021 os estragos e perdas das chuvas características do verão no litoral catarinense. Assim como em anos anteriores, a condição meteorológica impôs altos volumes em dias seguidos, com danos estruturais e vítimas. Episódios semelhantes ocorreram em períodos de verão em 1995, 2008 e 2018. Neste último, por exemplo, a região Norte da Ilha foi a mais atingida. Agora, três anos depois, o Centro de Florianópolis teve 245 milímetros de chuva, segundo a estação que fica na Casan, próximo à rodoviária da Capital. Foi o maior volume entre os pontos monitorados pela Epagri/Ciram.

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As ocorrências no verão justificam-se, segundo estudos meteorológicos. O litoral catarinense tem mais chuvas neste período, principalmente entre novembro e fevereiro. A meteorologista da Epagri/Ciram, Laura Rodrigues, afirma a umidade do mar contribui para a condição chuvosa no Litoral. Além disso, a condição de relevo da Capital catarinense é um fator preponderante.

Os estudos mostram, de acordo com Laura, que a umidade do mar interfere mais intensificamente no Litoral Norte. Já no Litoral Sul, o relevo tem maior peso. Florianópolis, por sua vez, acaba sofrendo a interferência dos dois fatores, o que agrava a condição de chuva.

O que piorou o quadro de Florianópolis nos últimos dias pode ser separado em dois momentos, segundo a meteorologista. O primeiro veio com a frequência de dias chuvosos. Foi praticamente uma semana de instabilidade seguida por conta de uma frente fria, criculação marítima, a prevença de um sistema chamado cavado e a convergência de umidade.

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Depois, entre sábado e domingo, a chuva se intensificou em 48 horas. Na Capital, o sistema é chamado popularmente de “lestada”. Em 2018 a condição de chuva que deixou estragos foi semelhante, principalmente por ter sido com força maior em Florianópolis. Nos anos de 1995 e 2008 a instabilidade atingiu também outros pontos do Estado com sérios danos.

Chuvas de verão nos planos de gestão pública

Os fatos recentes de estragos e perdas de vidas por conta da chuva litoral catarinense durante o verão impõem aos gestores municipais uma agenda meteorológica. As condições previstas para a estação precisam estar na programação dos prefeitos. Não haverá como evitar todos os danos, mas minimizá-los passa a ser uma obrigação diante da enormidade de informações disponíveis.

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Há um acervo de dados, tanto por parte da Epagri/Ciram como da Defesa Civil. Eles devem ser aproveitados pelos gestores públicos como forma de reduzir os impactos para as cidades atingidas pela chuva, ainda mais se tratando de uma região do Estado que depende fundamentalmente do turismo.