O governador Carlos Moisés da Silva e os prefeitos apostaram alto na fiscalização durante a temporada de verão com coronavírus. Colocaram suas fichas em algo que vinha deixando brechas. E os primeiros resultados ganharam repercussão: imagens de baladas cheias e público aglomerando em casas noturnas. As festas e shows – alguns com artistas nacionais – debocham dos gestores públicos. Em meio a uma pandemia que se espalha pelo contato e pelo ar, pessoas se aglomeram sem o uso de máscara.

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Obviamente que os casos registrados são minoria no conjunto de estabelecimentos que cumprem as regras e operam dentro da normalidade. Mas Santa Catarina surgiu com destaque – negativo, claro – nas redes sociais. A simbologia de casas noturnas conhecidas com desrespeito às regras que proíbem aglomeração e exigem uso de máscara ganha proporções dignas de expor a fragilidade da fiscalização catarinense.

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O anúncio do Ministério Público (MP-SC) de que pedirá explicações às Vigilâncias Sanitárias é um alento diante da falta de respostas sobre as imagens que rodam o Brasil. SC não pode passar sinais de que as restrições são apenas para o papel ou para “inglês ver”. Caso o contrário, nada mais que for colocado em prática terá validade, pelo menos na ação, que é o que importa.

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O atual decreto do governo catarinense proíbe o funcionamento de casas noturnas nas regiões de nível gravíssimo. Nos locais de nível grave a abertura é autorizada com 20% da capacidade total dos espaços. Contudo, na prática, torna-se praticamente impossível de um estabelecimento como as boates operarem dessa forma. Além disso, a restrição do governo não permite que as pessoas dancem.

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A proibição da dança, aliás, é a síntese de como o Estado desenha um cenário muito distante do real. Primeiro que permitir casas noturnas com capacidade reduzida é utopia. Depois, para completar, o governo autoriza que as baladas funcionem, mas sem aquilo que é a essência delas.

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O risco dos erros e medidas sem convicção vai se confirmando. As pessoas se utilizam das liberações somente para aproveitar os serviços, mas não seguem regras. Cabe aos gestores a retomada do controle sobre as irregularidades. Caso contrário, o deboche vai continuar com baladas cheias e desrespeito às regras.