A prisão do juiz Tiago Fachin, que era titular da 1ª Vara Cível de Rio do Sul, em Santa Catarina, não estava nos planos do Judiciário. No despacho que autorizou a operação em que ele foi um dos alvos, o desembargador Sérgio Heil autorizou apenas busca e apreensão contra o magistrado. No entanto, os investigadores encontraram 27 cartelas comprimidos de medicamento tarja-preta no local, o que motivou o flagrante. Além dele, foram presos nesta terça-feira (23) um policial penal, um policial civil já preso em outra investigação e a esposa dele.

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Quem é o desembargador que autorizou a operação que prendeu juiz em SC

Quem é o juiz preso em operação do Gaeco em Santa Catarina

A coluna apurou que a investigação iniciou com a suspeita de que o policial penal vendia medicamentos tarja-preta de forma irregular, sem a necessidade de prescrição médica. A venda ocorreria pela internet. Durante o avanço das apurações, constatou-se a susposta participação do policial civil.

No monitoramento feito pelo MP-SC, identificou-se que o juiz Tiago Fachin, alvo da operação, teria feito contato com o policial penal para adquirir os medicamentos. Inicialmente as compras teriam ocorrido pela internet, em 2015, mas depois passaram a ser diretamente. Assim, o MP também passou a investigar o magistrado. O caso, até então, tramitava em uma vara criminal de Florianópolis, mas passou a tramitar no TJ-SC pelo foro privilegiado do juiz.

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Medidas cautelares

Movimentações volumosas de recursos na conta de Fachin chamaram a atenção dos investigadores do caso. Assim, o MP pediu as buscas e prisões dos envolvidos. Como as cartelas foram apreendidas na casa do juiz, a prisão em flagrante foi feita.

Os policiais penal e civil, além da esposa do civil, também foram detidos. No entanto, os quatro presos durante a operação tiveram a liberdade concedida com medidas cautelares. Somente o policial civil ficou preso por conta de outra investigação.

Nas audiências de custódia e de interrogatório que ocorreram ainda na terça-feira, o juiz negou que estivesse envolvimento em qualquer esquema de venda. Ele admitiu que comprova os produtos, mas que eram de uso pessoal, por conta de problemas de saúde, sem repasse. As movimentações financeiras atípicas teriam ocorrido justamente por conta da compra excessiva dos remédios.

Um dos investigadores ouvidos nas audiências disse que a entrega de grande remessa de medicamento tarja-preta na casa do magistrado foi flagrada na investigação. Porém, o mesmo agente disse que não houve a confirmação de remédios sendo levados para fora da residência.

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A defesa do magistrado não se manifesta sobre o caso. No dia 7 de junho, o Órgão Especial do TJ-SC vai analisar a decisão do desembargador Sérgio Heil, que concedeu a liberdade ao magistrado.

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