Um acordo de colaboração premiada assinado com o Ministério Público (MP-SC) na operação Mensageiro tende a causar fortes impactos na investigação do escândalo do lixo em Santa Catarina. Nas últimas semanas, um empresário fechou a delação premiada com a Procuradoria da Justiça. Os detalhes da colaboração estão em sigilo nível 5, o máximo dentro do Judiciário. No entanto, a coluna obteve a confirmação com fontes ligadas ao processo já que nenhuma autoridade ou órgão envolvido se manifesta sobre a operação.

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Propina no escândalo do lixo de SC passaria de R$ 100 milhões; empresa teria lucrado R$ 430 mi

O empresário trabalhou até 2013 na Serrana Engenharia, a empresa que está no foco da investigação. Segundo o MP-SC, a Serrana pagava propina para prefeitos e agentes públicos. Como a coluna trouxe com exclusividade nesta terça-feira (21), estima-se que foram pagos mais de R$ 100 milhões em corrupção.

Este empresário seria o responsável por fazer a entrega das propinas para os prefeitos e agentes públicos. Com a delação premiada, a expectativa nos bastidores é que ele possa trazer à tona ainda mais nomes, principalmente de políticos que teriam sido beneficiados nos últimos anos por conta de eventuais recebimentos de propinas.

Durante um ano e meio, o MP-SC acompanhou os movimentos do empresário. Com isso, há uma farta documentação que apontaria o envolvimento dele no esquema. O empresário está preso em Joinville desde dezembro, quando foi deflagrada a primeira fase da operação Mensageiro. Além dele, outras 19 pessoas também estão detidas dentro da investigação autorizada pelo Tribunal de Justiça (TJ-SC), incluindo seis prefeitos de diferentes regiões do Estado.

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A coluna procurou o advogado do empresário, mas ele disse que não irá se manifestar sobre o processo porque ele corre em sigilo nível 5.

Operação Mensageiro

A desembargadora Cinthia Bittencourt Schaeffer decidiu pela proibição da divulgação dos nomes e da identificação dos delatores da Operação Mensageiro, que investiga supostas fraudes em contratos de coleta de lixo em municípios catarinenses e já levou sete prefeitos à prisão preventiva. A decisão vale para a NSC, que noticiou a colaboração com exclusividade em suas plataformas, e todos os outros veículos de comunicação. No despacho, a desembargadora reforça a importância da liberdade da imprensa e assegura a cobertura da operação: “A liberdade de imprensa é um direito salutar em um ambiente democrático”. A decisão se restringe à identificação dos delatores. Por conta da decisão, este texto foi alterado. Cabe recurso da decisão.