Na última denúncia feita pelo MPF dentro da operação Alcatraz, um dos trechos destaca a negociação que teria sido feita por agentes públicos que atuavam na secretaria de Administração e empresários pela propina de um contrato de gestão de telefonia móvel, em 2016. Segundo os procuradores da força-tarefa, ao invés de “se limitar aos usuais 10% de propina – parâmetro muitas vezes encontrado em contratações públicas fraudadas –, a organização criminosa nesse momento obteve vultoso e aviltante lucro (ilícito) de até 86% do valor do contrato”. Os investigados negam envolvimento no esquema.

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MPF faz nova denúncia contra o presidente da Alesc, Julio Garcia, na operação Alcatraz

O MPF analisou ainda o preço cobrado pela empresa vencedora da licitação e o comparou com o mesmo serviço contratado pela Câmara dos Deputados um ano depois. A despesa mensal prevista em Brasília foi de R$ 6.162,50, enquanto que em SC a secretaria de Administração do Estado “teve que desembolsar por mês, por serviços similares, o montante de R$ 45.904,40”, segundo os procuradores. Com isso, houve sobrepreço de 744% em comparação com o contrato da Câmara. A elevação dos valores é comum nos contratos investigados pela Alcatraz.

A força da operação Alcatraz

Em um ano e quatro meses, a operação Alcatraz colocou luz sobre uma das principais pastas do governo de Santa Catarina. Os contratos da secretaria de Adminstração entraram no foco da Polícia Federal (PF), da Receita Federal e do Ministério Público Federal (MPF). Os braços da investigação se estendem por áreas como a tecnologia, telefonia e terceirização de mão de obra.

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Neste último caso estão os maiores valores, mas até o momento nenhum dos inquérito concluídos aprofundou as denúncias feitas em delação que originou a Alcatraz por um empresário da área da publicidade. O MPF concluiu 16 denúncias até este mês, enquanto a PF ainda tem prazo para novos inquéritos. São sinais de que a operação conhecida nos bastidores como a “Lava-Jato catarinense” pode ser ainda maior do que se apresentou até agora.

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