Antes de embarcar em viagem oficial para Portugal, o governador Jorginho Mello (PL) concedeu entrevista exclusiva para a NSC. Em pauta, as oportunidades de Santa Catarina no cenário internacional, obras e ações de seu mandato, relações com o governo federal e projeções sobre o partido nas eleições de outubro deste ano.
Continua depois da publicidade
O senhor já viajou para Panamá, Emirados Árabes e, agora, para Portugal. Como enxerga essas viagens e o potencial do Estado para oferecer lá fora?
Jorginho Mello — Eu enxergo com muita expectativa. O nosso Estado de Santa Catarina é um Estado que é diferenciado. O que precisa fazer de Santa Catarina, é o que eu quero empreender agora. Mostrá-la fora. Quem conhece, se apaixona. Nós temos tanta coisa boa para mostrar, a gente está recuperando a autoestima. Esses voos internacionais são mais do que um afago no coração de todo catarinense. Enfim, vamos voar direto de Santa Catarina [para outros países]. Panamá já começou, Lisboa vai começar.
A embaixadora da República Dominicana esteve comigo em Brasília. Ela também tem interesse, porque tem 10 milhões de habitantes e ela me confidenciou que a paixão deles é conhecer Balneário Camboriú e Floripa. Estamos indo agora para mostrar lá fora o que a gente tem de potencial. Eu não tenho dúvida que as pessoas vão ter novos investimentos, novos negócios. O nosso Estado vai ser um show com tudo que nós estamos fazendo.
O senhor vai conhecer em Portugal uma central de emergência que tem pretensão de repetir em SC. O que quer trazer para o Estado em relação a esse atendimento único?
Jorginho Mello — Hoje os dados que a gente tem são: de 100 ligações, conseguimos atender 27 efetivamente. O que atende mais é Saúde, o Samu. Portugal tem o melhor sistema do mundo, desenvolvido pela Universidade de Lisboa, que é uma central única, com único número. Nós queremos ter eficácia no atendimento. O que que eu vou fazer? Isso é nada mais, nada menos, do que um concurso público que eu vou evitar de ficar tirando os policiais que estão atendendo o telefone, tirando o bombeiro que está atendendo o telefone e colocando na área fim.
Continua depois da publicidade
Vamos fazer um grande call center, com pessoas contratadas, treinadas de fora, tudo com terceirizado, 24 horas, para poder receber ligações. Hoje liga lá: “É da polícia!”, “não, eu quero falar com bombeiro”. A ligação se foi, perdeu. Quero que o atendimento ao cidadão seja eficaz.
É por isso, este é um dos motivos por que nós estamos indo lá para conhecer como é que funciona. Vamos lá para reafirmar o compromisso com a TAP dos nossos voos para 3 de setembro, assinar um protocolo. Eu não tenho dúvida que vamos fazer com que o estado de Santa Catarina fique todo reorganizado, rearrumado e em ponto de bala. O Estado está voando e é isso que nós queremos. É isso que nós vamos fazer.
O senhor falou no começo do ano que tinha dois pontos que queria acelerar, um deles era infraestrutura, obra, estrada. O senhor está satisfeito? Acelerou?
Jorginho Mello — E muito. A própria Fetrancesc [Federação das Empresas de Transporte de Carga do Estado de Santa Catarina] nos dá feedback, sempre dá alegria do que eles estão sentindo. Estamos com obra em toda SC. Mas de forma frenética, não é limpando o barranco, não. Restaurando, revitalizando, fazendo. Estamos cobrando, pagando em dia. Resgatamos todas as ordens de serviço fake. Ordem de serviço que era muito fora da realidade. Pior do que as prestações da Casas Bahia: em contrato de R$ 100 milhões, se pagou R$ 1 milhão. Nós resgatamos isso tudo, readequamos, enxugamos e agora todas as estradas a gente está acompanhando.
Quando eu voltar agora, quero fiscalizar, visitar todo o Estado para ver o crescimento, a velocidade que está andando. As estradas estão indo bem. As estradas que em 30, 40 anos não se faziam serviço bem feito, nós estamos fazendo. Por exemplo: devolvendo da BR-116 para cima a autoestima, onde sai produção, onde sai alimento, onde vai para os portos, para os grandes centros, enfim, e todas as regiões.
Você vai para o Sul, vai para o Norte, para o Leste, para todas essas regiões a gente está [com obras].
Estamos com o projeto da ferrovia andando bem, como nunca andou na história de Santa Catarina.
Os portos, uma beleza. Esse investimento do grupo Battistella, do sócio do Porto de Itapoá. Isso é um caso inédito na história de SC. O governador Luiz Henrique da Silveira tentou fazer e não conseguiu. A gente conseguiu, porque eles nos disseram: “A gente acredita no governo”. Eles estão investindo
R$ 300 milhões do dinheiro deles para fazer a dragagem para mudar a história da baía da Babitonga. Nós vamos transformar. Vai entrar navios de 400 metros, navios Panamax, porque senão a gente deixa de ser competitivo nos portos.
Governador, o senhor falou também na época da sua preocupação com a área da Defesa Civil e as obras lá no Alto Vale. Avançou?
Continua depois da publicidade
Jorginho Mello — Avançou. Fui visitar agora, semana passada, se você olhar o volume que se tira de barro, de terra, de areia, de madeira, de coisas. Eles têm que ir tombando para ir enxugando aquela areia, tem lugares que tem só 60 centímetros, eles têm que fazer um trilho para a barcaça poder passar. Então está se tirando um volume muito grande, limpando, deixando as encostas rentes. Eu não tenho dúvida que vai ser um alívio para aquela população.
É um programa que não vai parar. Nós começamos. Vamos fazer os 8,5 quilômetros de Rio do Sul, depois vamos fazer Taió. Vamos fazer Rio do Oeste. Onde ficou inundado, embaixo d’água. Depois vamos continuar para o lado de Itajaí e Blumenau, depois vamos para o Sul, Tubarão, Laguna. Os pescadores não conseguem sair da barra lá porque não calha o barco. Nem ganhar o pão deles não podem.
Nós estamos pensando não só na proteção, mas também na possibilidade de ganho. Vamos fazer as duas barragens lá de Mirim Doce e Petrolândia. Semana passada eu estive com a senadora Leila [Barros], a gente tinha que mudar as divisas porque lá tem uma área de preservação.
Na área de proteção com o coronel Fabiano [de Souza], ele é muito dedicado. Nós estamos dotando de quadros, é de pessoas que tenham comprometimento. Ele já nessa noite [domingo, dia 7] me ligou, falando: “Acho que está dando uma chuva no Alto Vale, mas pode ficar tranquilo que não vai ser nada de extraordinário”.
A preocupação que a gente tem do Vale… Médio, Baixo Vale porque a gente quer que aquelas pessoas fiquem lá produzindo e tem gente que quer ir embora porque não aguenta mais perder tudo. Isso vai ser um divisor de águas. Nosso governo também. Entretanto, nós vamos mexer com a proteção. Vamos gastar 80% do tempo e do dinheiro em proteção.
No segundo semestre o senhor completa um ano e meio de governo. O senhor tem pela frente dois anos e meio. O enfoque será no quê?
Jorginho Mello — Acelerar a energia. Nós conseguimos permitir que as cooperativas rurais possam investir na melhoria que elas precisam, trocar poste, mudar a rede, para acompanhar a Celesc. A Celesc está num ritmo frenético. Nós já fizemos 500 quilômetros de energia. Eu quero acelerar isso. Porque isso é fundamental para manter a empresa, a empresa poder se expandir, trazer novas empresas, sem energia não funciona.
Quero fazer com que a própria Celesc consiga entregar todo aquele projeto que nós fizemos lá para o Planalto Serrano que vai ter um investimento de R$ 3 bilhões da iniciativa privada, com R$ 500 milhões que nós estamos investindo do governo, via Celesc, para construir aquelas estações, as seis estações.
Vai ser uma revolução daquela região porque hoje é uma das regiões mais pobres de Santa Catarina. Eu tenho o compromisso em melhorar o IDH [Índice de Desenvolvimento Humano] deles.
Continua depois da publicidade
Eu vou apertar muito esse negócio da energia. No nosso interior precisa melhorar a energia. Hoje um agricultor médio tem uma carga de energia muito grande que ele precisa. A gente precisa melhorar isso para que ele possa fazer a silagem, que ele possa ganhar o dinheiro dele. Isso está indo muito bem.
Quero que acelere até para manter a sucessão familiar. Vamos pegar os alunos que vão fazer curso técnico de Agronomia, de Técnica Agrícola, e vamos cuidar deles e cuidar da família. Quando ele se formar, ele vai voltar para a família que a gente vai dar incentivo, para que ele continue na propriedade, fazendo sucessão familiar, com um planejamento. Hoje é um ou outro que volta.
Vou me dedicar muito agora no segundo semestre sobre internet para o meio rural, para as cidades pequenas, que têm sombras, é uma dificuldade. Tem estradas que você está viajando e que não têm sinal que preste. Eu passo isso na pele.
Tem diversos programas que nós vamos apertar agora, investir muito em turismo, a divulgação de Santa Catarina com os compromissos lá fora, saúde, construir hospital em São José, vou construir a torre de Blumenau, Mafra está em obra. O hospital de Palhoça vai ter 183 leitos. Ampliar o Hospital São Miguel do Oeste e o Hospital da Criança de Chapecó. Consolidar a Universidade Gratuita, que já está um sucesso absoluto.
O senhor também é cobrado em relação a se reunir com o presidente e com ministros. Como é que o senhor enxerga isso? O senhor acha que está fazendo na medida certa? Acho que pode fazer mais? Como é que o senhor tem visto essa relação com o governo federal?
Jorginho Mello — Tenho respeitado de forma republicana, você pode ver. Eu nunca falei mal, não falo mal do governo federal deliberadamente. Reclamo sempre, como sempre reclamei que o governo federal deveria tratar melhor SC. Isso não é agora, isso é histórico. A gente tem fama de não precisar de nada e isso nos prejudica muitas vezes. Eu fui deputado federal, fui senador. Em Brasília, ninguém olha para Santa Catarina. “Eles não precisam de nada. Eles têm tudo”.
E a gente precisa terminar essas estradas federais, tem que concessionar para duplicar, se não, não adianta a gente falar bobagem. BR-282, se não pedagiar não vai ser duplicada. A BR-470 indo até Campos Novos, tem que passar para a iniciativa privada.
Nós temos muitos assuntos na área da Saúde que melhoraram com o preparo da secretária Carmen [Zanotto] com a relação com o governo federal. Nós credenciamos serviços que nós já prestávamos e não recebíamos. Isso só no ano passado foram R$ 300 milhões que SC gastava e não recebia. Por quê? Porque foi reorganizada a Saúde de SC.
Nunca me neguei e não vou me negar em compartilhar com o governo federal. Sempre contribuindo e colaborando naquilo que eles pedem. Aquela conta que a gente tem para receber. Nós temos R$ 384 milhões que o ex-governador gastou ou fez obras federais. Eu pretendo receber a nossa proposta, para que desconte do serviço da dívida, que daí a gente faz dinheiro todo. Eu deixo de pagar.
A nossa relação é republicana, evidentemente. Eu tenho o lado político, nunca escondi isso. Não, não votei no PT, não sou do PT, mas quem ganha eleição tem que ser respeitado.
Continua depois da publicidade
Para finalizar, sobre o PL nas eleições municipais em SC. O senhor está satisfeito com a montagem das chapas, com as eleições? É o que o senhor está vislumbrando?
Jorginho Mello — Muito, muito satisfeito. O partido cresceu além da conta, nós estamos com 244 candidaturas a prefeito, 2,5 mil candidatos a vereador. É um número jamais visto. Nós temos 53 [prefeitos]. Eu queria fazer uns 60, 70 [eleitos em outubro], mas estou quase convencido que nós vamos a 100.
Então o partido se consolidou. Nós temos partido nos 295 municípios, temos candidatura a prefeito em 244. Isso vai dar um grande trabalho para o partido, para a executiva do partido. O pessoal está se virando nos 30. O apoio dos deputados estaduais, com o apoio dos deputados federais, do senador [Jorge] Seif. A vice-governadora tem percorrido para ajudar o PL Mulher. Vamos fazer uma grande eleição.
Leia também
Segundo voo direto entre SC e Portugal é sinalizado pela prefeitura de Porto
Missão de SC em Portugal se reúne com chefe da Assembleia e prefeito de Porto