A criação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do transporte coletivo de Florianópolis pode ser dividida em sete atos, desde a concepção até a reviravolta final:

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O estopim

Em 27 de dezembro, o vereador Maikon Costa (PSDB), que apesar de fazer parte do partido do vice-prefeito, João Batista Nunes (PSDB), ficou descontente com a recusa dos membros da Comissão de Transportes diante da intenção de ele participar da reunião que definiu o novo valor da passagem dos ônibus da Capital. Assim, o tucano começou a mobilização interna, como presidente da Frente Parlamentar de Mobilidade Urbana, para instalar a CPI.

A mobilização

Organizador do movimento Acredito, Israel Rocha iniciou uma campanha na internet com abaixo-assinado na semana passada para a abertura da CPI. Ele reclama da falta de transparência por parte da prefeitura na divulgação dos números e das planilhas que geram o cálculo do valor da passagem.

As assinaturas

Na terça-feira desta semana, Rocha se uniu aos vereadores da oposição. Durante o dia, cinco parlamentares já haviam assinado o pedido de abertura de CPI. O organizador do Acredito, filiado ao PSB, somou-se à busca de apoios e até o final do dia havia a promessas das oito assinaturas necessárias. 

A postura da prefeitura

No começo desta semana, a prefeitura veio a público para dizer que não via fato determinado para a instalação da comissão. Em entrevistas, representantes do Executivo lembravam que o contrato atual foi assinado na gestão Cesar Souza Junior, o que os retiraria qualquer responsabilidade.

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Reviravolta

Na quarta-feira, Israel Rocha se reuniu com o chefe da gabinete da prefeitura, Bruno Oliveira, e o secretário da Casa Civil, Everson Mendes, para expor as demandas do Acredito. No encontro, os três acertaram algumas medidas pontuais como o compartilhamento dos números da planilha de custos. Horas depois, durante a tarde, a assessoria de comunicação da prefeitura divulgou que Gean Loureiro (MDB) havia decidido apoiar a CPI. Ele pediu, então, que os vereadores da base apresentassem o requerimento para a instalação da comissão.

Alegação

A justificativa oficial de Gean para a mudança de planos é a intenção de uma apuração “muito mais ampla”. Ele cita, por exemplo, a construção de terminais urbanos hoje sem uso, como no Jardim Atlântico e no Saco dos Limões. Segundo o prefeito, “não há nenhum motivo de preocupação para a nossa administração.

Opinião

Até o começo desta semana, a base governista vinha sofrendo uma derrota na Câmara com a instalação da CPI. A decisão do prefeito de inverter o quadro empatou o jogo para o Executivo, mas não tirou o mérito da oposição em se articular para forçar a comissão.

Anualmente, o transporte coletivo entra em pauta nos períodos de aumento da passagem. Em 2018, o secretário de mobilidade da Capital foi até o Legislativo prestar explicações. Desta vez, será criada a CPI. Espera-se, com isso, pelo menos resoluções e apontamentos de melhorias para soluções de problemas vividos diariamente pela população.

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