Uma empresa suspeita de pirâmide financeira de Florianópolis está no alvo do Ministério Público (MP-SC), da Polícia Civil e do Procon. Clientes relatam que foram lesados ao depositarem dinheiro na X Capital Bank Soluções e Tecnologia Ltda, que prometia ganhos de 10% a 20% ao mês em cima dos valores aplicados. No entanto, nos últimos meses, o dinheiro não foi mais pago. Com isso, diversas denúncias foram feitas nos órgãos de investigação, que abriram procedimentos para apurar a suspeita de estelionados e crime contra a economia popular. A X Capital atua com NFTs, que são ativos digitais.

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Na última semana, a 29ª Promotoria da Capital, que atua nos casos de defesa do consumidor, abriu uma notícia de fato para acompanhar o caso. Além disso, um procedimento civil também deve ser instaurado. O MP-SC afirma que diversas pessoas se dirigiram ao Procon Municipal de Florianópolis por se sentirem lesadas pela atuação da empresa. Algumas delas, inclusive, relatam aportes financeiros de valor bastante elevado.

A coluna teve acesso a um processo judicial de uma das pessoas que fez investimento na empresa. Ela relata ter colocado R$ 450 mil em outubro de 2020 através de um “contrato de prestação de serviços de intermediação e agenciamento de serviços e negócios em geral, nos diversos ramos existentes no mercado de valores e capitais”. Depois disso, em 2021, a mesma pessoa colocou mais R$ 400 mil na mesma empresa. Em pedido de liminar, o cliente tentou receber o saldo atual, que seria de R$ 1.032.386,07, no entanto, a Justiça negou a solicitação. O caso segue em tramitação.

Conforme o MP-SC, a X Capital Bank ofereceu para seus clientes oportunidades de financiamento que não deram o retorno esperado: “Assim, a empresa teria retido os valores com o argumento de que as perdas se deram em razão de ‘certa manobra arriscada de investimento'”.

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Promotor alerta para ganhos excessivos

O promotor Wilson Paulo Mendonça é o responsável pelo caso no MP-SC. Ele fala que pessoas fizeram investimentos próximos de R$ 1 milhão e confirma que o retorno prometido era de 10% a 20%. Os ganhos vinham ocorrendo normalmente, mas, em determinado momento, parou de ser pago, de acordo com Mendonça.

A promotoria foi procurada por dezenas de clientes, que se dizem lesadas. Por conta disto é que as notícias de fato e o procedimento foram abertos. Mendonça diz que o que mais chama a atenção neste caso é que os ganhos prometidos não são normais no mercado financeiro:

– Dinheiro não cai do céu. As pessoas precisam ficar atentas que esses ganhos prometidos podem dar problema. Independentemente da procura pelo MP, é interessante que as pessoas peguem advogados para ir atrás do ressarcimento.

Mendonça ainda confirma que a suspeita inicial das investigações é de pirâmide financeira.

O que diz a empresa

A coluna procurou representantes a X Capital Bank, mas ninguém foi localizado. Em vídeo divulgado no dia 1º de janeiro de 2023, Gutheryo Cavalcante, CEO da empresa, se manifestou aos clientes. Logo no começo, ele se defende dizendo que não se trata de uma pirâmide financeira. Além disso, ele prometeu que faria os pagamentos a partir de 18 de janeiro e anunciou que estava destituindo o quadro da empresa. No comunicado, o CEO também disse que ofertaria a possibilidade de conversão de contrato ou resgate do fundo garantidor.

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Para justificar a indisponibilidade dos valores depositados, ele admitiu que a empresa não conseguiu cumprir com as obrigações nos prazos que haviam sido estabelecidos. Ele ainda culpou os próprios clientes que já previam gastos com os possíveis lucros e disse que a situação ficou mais complicada após os investidores resgatarem os recursos após ficarem preocupados com o cenário. Por fim, ele também creditou a dificuldade ao cenário econômico e a falência de uma corretora usada para a aplicação dos valores.

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