Até então coronel da reserva do Corpo de Bombeiros, Carlos Moisés da Silva chegou ao cargo de governador de Santa Catarina com um discurso da antipolítica. Ele traduzia o sentimento ao usar o termo “nova política”. Condenava, por exemplo, que deputados estaduais assumissem cargos de secretários. Pregava uma gestão técnica. Mas, com dois processos de impeachment em suas costas, Moisés mudou o discurso. Por fim, nesta sexta-feira, foi salvo pelos políticos de uma condenação por crime de responsabilidade no impeachment dos respiradores.
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Com Moisés de volta ao cargo, quais são os secretários que retornam
Os deputados estaduais Marcos Vieira (PSDB), Valdir Cobalchini (MDB), Zé Milton (PP) e Fabiano da Luz (PT) foram os responsáveis pelos quatro votos necessários para salvar o governador de um afastamento definitivo. Os quatro poderiam ser enquadrados naquilo que Moisés chamou durante a campanha, e até certo tempo de gestão, de “velha política”.
“Não guardo ressentimentos”, diz Moisés após absolvição no impeachment dos respiradores
Podemos concluir, então, que o coronel da reserva dos Bombeiros foi salvo por aquilo que ele tanto criticou para se eleger. No primeiro processo de impeachment, sobre o salário dos procuradores do Estado, Moisés contou com cinco votos de desembargadores, mesmo com a reversão do cenário entre os políticos.
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Desta vez, não. Agora ele foi salvo pelos políticos, o que dá também mais poder para os quatro parlamentares que evitaram a condenação do governador. A conferir os próximos passos de ambos na relação com o Executivo, inclusive na indicação de nomes para a atuação em secretarias.
Acima de tudo, o episódio do impeachment dos respiradores mostra que qualquer ocupante de cargo eletivo não pode dispensar a política, afinal depende dela. Por ironia do destino, Moisés terá um ano e sete meses para governar graças aos políticos que foram seu alvo. Um aprendizado que poderia ter acontecido sem dois impeachments e dois afastamentos temporários. Mas, como diz o ditado, antes tarde do que nunca.
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