Durou nove dias o planejamento do governo de Santa Catarina de estender a quarentena até o final dos meses de abril e maio. Naquele sábado, 11 de abril, apesar de anunciar a liberação do comércio de rua, o governador Carlos Moisés da Silva aumentou a restrição a uma série de atividades, incluindo shopping centers, transporte coletivo, academias, atividades religiosas, bares e restaurantes. Mas, faltando 10 dias para o final do primeiro dos prazos, há um recuo forte com a flexibilização de setores antes previstos para serem abertos em junho, como é o caso dos igrejas. Transporte coletivo, aulas e grandes aglomerações estão sem previsão.

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Sob o pretexto de orientações técnicas, o governo demonstra que a pressão dos setores está funcionando. As justificativas usadas pelo governador para a liberação das atividades religiosas, por exemplo, é a mesma dos deputados que defenderam o projeto aprovado na Assembleia Legislativa na semana passada com permissão para a abertura dos templos: "para que as pessoas se mantenham em atividade, mantenham a fé". A ferramenta de monitoramento lançada no final de semana com base nos estudos do Imperial College (instituição britânica) serviu de base para a tomada de decisão, segundo o governo.

Mesmo assim, chama a atenção o novo recuo no planejamento. É de se entender a possibilidade de liberações conforme a evolução dos quadros, mas surpreende o fato de algumas das atividades que tinham previsão de flexibilização mais extensa tenham sido colocadas dentro do mesmo grupo que era esperado para reabrir no final de abril. Na primeira vez em que anunciou o plano de retomada estratégica, o governo também recuou alguns dias depois.

Um dos principais exemplos para a desconexão entre os planejamentos do governo é o das atividades religiosas. As aglomerações eram a principal regra para decidir o que abriria ou não. Ou seja, o que colocaria muitas pessoas no mesmo ambiente, seria restringido por mais tempo. Mesmo que com regras, como foi anunciado nesta segunda-feira, a reabertura dos templos religiosos era esperado para 31 de maio.

Os outros setores se justificam pela questão econômica, apesar de ainda haver questionamentos sobre o momento da liberação. Os números apresentados pelo Sebrae, por exemplo, de que 406 mil pessoas já perderam o emprego no Estado, são representativos e embasam decisões. Sem querer discutir a fé das pessoas, a qual cabe a cada uma delas, mas não há justificativa atual no momento para aglomerações em missas e cultos. O momento pede concessões, incluindo das religiões.

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Estrutura de saúde

Até esta segunda-feira a ocupação dos leitos de UTI para atendimento ao coronavírus era de 18%. Um bom índice, principalmente em comparação com outros Estados. Falta ainda o governo detalhar melhor, o que pode ocorrer nos próximos dias, como Santa Catarina está estruturada na rede de saúde. Os leitos de terapia intensiva aumentaram, como vem sendo divulgado. Mas ainda é necessário passar tranquilidade aos catarinenses sobre testes e equipamentos de proteção (EPIs).

Mais do que pedir para que as pessoas colaborem, o momento é de transmitir sensação de segurança para o momento que viveremos. A retomada terá que ocorrer, mas os catarinenses precisam estar protegido para o novo momento.