Deixemos de lado qualquer tipo de ideologia ou perspectiva política. Vamos olhar para os números, somente para eles. O Ministério dos Transportes divulgou quanto Santa Catarina recebeu desde 2016 em investimento de manutenção e construção nas rodovias federais que cortam o Estado. Em três anos somados de governo de Jair Bolsonaro, entre 2020 e 2022, foi mandado R$ 1,1 bilhão. Quando se olha somente para o primeiro ano do governo Lula, em 2023, o orçamento é de R$ 1,3 bi. O valor ainda não foi totalmente aplicado, mas está alocado para ser investido até o final do ano.
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Orçamento para as BRs de SC em 2023 é maior do que os últimos três anos somados
Assim, mais uma vez, vamos esquecer que um governo é de esquerda e outra é de direita. Lembremos de quantas vezes o então presidente Bolsonaro veio a Santa Catarina. Dá pra gente se perder nas contas. Lembro que foi algo em torno de 15. Ou seja, oportunidades não faltaram para que ele pudesse, ao menos, fazer gestos de transferência de recursos ou liberação de obras nas estradas.
Mas Bolsonaro não o fez. Bolsonaro foi pífio em entregas para Santa Catarina. Com os números do orçamento de 2023, isto fica ainda mais visível. Como pudemos perder tanto ao longo dos anos? Como que um orçamento salta cinco vezes de uma no para o outro num Estado que sempre teve tanta carência de infraestrutura?
O que se já se falava nas rodas de conversa da política fica ainda mais comprovado. Bolsonaro tem e teve muito apoio eleitoral no Estado, mas isso ocorre pela ligação do catarinense às ideias do ex-presidente, porque, em entregas, os números mostram que não haveria motivos para tamanho percentual nas urnas.
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Lula, por outro lado, está no sentido inverso do que a maioria dos catarinenses acredita como ideal para a política. Os números – invoco eles novamente – mostram isto. No entanto, ele se mostra disposto a enviar para SC o que é, no mínimo, de direito para um Estado que contribui tanto com os cofres federais e pouco recebe de contrapartida perto do que deveria receber.
Para que deixemos, mais uma vez, as ideologias de lado, basta olhar para 2016, quando o governo era de Dilma Rousseff e Michel Temer, que dividiram a gestão por conta do impeachment da petista. Naquele ano, SC recebeu o segundo mais recurso na série de dados divulgados pelo Ministério, entre 2016 e 2023. Foram R$ 625,9 milhões.
Fica claro, então, que o que faltou a Bolsonaro foi disposição política e prática para ajudar a infraestrutura catarinense. Ele ficou devendo, e muito. Lula não faz nada mais do que se espera com um Estado de tamanha contribuição de impostos ao sistema nacional, mas também deixa evidente a fraca gestão de um ex-presidente com o Estado onde recebeu 70% dos votos em duas eleições consecutivas.