Dois ex-governadores e o presidente da Alesc, Julio Garcia, são citados em delação premiada da operação Alcatraz. A denúncia mais recente da ação da PF teve trecho baseada na delação premiada da advogada Michelle Guerra. Segundo ela, Raimundo Colombo, Eduardo Pinho Moreira e Julio Garcia teria recebido “mesadas”. Michelle era sócia de Nelson Castello Branco Nappi Junior, apontado pelo Ministério Público Federal (MPF) como um dos operadores do esquema investigado. A informação foi publicada em primeira mão pela coluna Radar, da revista Veja, nesta segunda-feira (5), e confirmada por este colunista.
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MPF faz nova denúncia contra o presidente da Alesc, Julio Garcia, na operação Alcatraz
No seu depoimento, Michelle diz que em determinada ocasião questionou Nappi Junior sobre o dinheiro que ela separava no escritório de ambos. A resposta teria sido de que os valores seriam mesadas ao ex-governador Raimundo Colombo, ao então vice-governador e agora ex-governador, Eduardo Pinho Moreira, e a Julio Garcia.
Em um dos trechos da delação a advogada afirma que os fatos ocorreram em 2015 e 2016. Os valores seriam separados em elásticos, envelopes pardos, sacolas, caixas de whisky e caixas de sapato. Em uma das oportunidades, Nappi Junior teria chegado ao escritório com uma maleta azul cheia de dinheiro, que ele teria dito que continha R$ 300 mil.

Colombo e Pinho Moreira não estão entre os denunciados. Mas em trecho da denúncia, o MPF faz um alerta sobre os nomes que aparecem nas citações e não são alvo de acusação: “Cabe destacar que a ausência de imputação dos fatos ora denunciados a outras pessoas, mencionadas ou não nesta denúncia, não acarreta pedido de arquivamento implícito em face desses outros eventuais/prováveis envolvidos, bem como a não imputação de crimes conexos, neste momento, não importa no arquivamento implícito desses crimes em face dos ora denunciados ou de outros indiciados e investigados, que serão objeto de imputação em denúncia específica, conforme o caso, em momento oportuno, com o avançar das investigações”.
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A denúncia ainda descreve a relação entre o presidente da Alesc e Nappi Junior e Jefferson Colombo, apontados como operadores do deputado dentro da operação. Os dois negam qualquer envolvimento nos fatos.
Contraponto
Em nota o ex-governador Raimundo Colombo diz que “lamenta que o Brasil, infelizmente, tenha virado um campo onde a honra, a dignidade e a história das pessoas sejam atingidas de forma irresponsável”. Afirmou: “Não sei do que se trata, não conheço essa pessoa e nem o processo”, afirma. O texto fala ainda que “Colombo lembra o que passou em razão de outras delações sem provas e destaca que acabou absolvido em todos os processos. E finaliza: “Tenho mais de 40 anos de vida pública e mereço respeito”.
A defesa de Julio Garcia se posicionou na semana passada sobre a denúncia. O advogado Cesar Abreu chamou o material de queima de reputações e fez alusão a delação de Michelle Guerra. Nesta segunda-feira, Abreu disse que: “Delação premiada não é prova, precisa de confirmação por elementos de convicção honesta. Essa delação, contraria as declarações de João Buatim à Receita Federal. E não se pode construir nada a partir de declarações contraditórias e o que é pior, marcadas por “ouvir dizer”. Não há um fato concreto que coloque o Deputado no centro de qualquer ato ilícito. São conjecturas, ilações e suposições. Há, em verdade uma frustração dessa força-tarefa ao não encontrar nada contra o Deputado, sepultando o que para os mesmos seria o grade caso de suas vidas profissionais”.
Pinho Moreira, via assessoria de imprensa, também se manifestou: “Estou indignado pela forma como o meu nome foi envolvido numa delação premiada sobre um fato do qual não tenho nenhuma responsabilidade, tomando conhecimento unicamente através da Imprensa. Minha vida pública foi construída com trabalho e responsabilidade”.
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