Salvo os parques de diversão com estruturas fixas, são cada vez mais escassas aquelas estruturas itinerantes. Recordo da minha infância, lá no interior do Rio Grande do Sul, quando volta e meia apareciam brinquedos instalados em determinado ponto da cidade. Tinha uma pequena montanha-russa, a roda-gigante, o carrinho bate-bate e mais umas três ou quatro coisas espalhadas pelo terreno. Já era o suficiente para animar uma tarde inteira. De uns anos, ficou perceptível que os parques foram reduzindo.
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Sobraram, na sua maioria, aquele famosos e com estrutura fixa. O próprio presidente da República, Jair Bolsonaro, foi a um deles nas suas férias em Santa Catarina. Entre críticas e aplausos, Bolsonaro fez os populares “zerinhos” com um carro esportivo e aproveitou ao melhor estilo o que um parque de diversões pode proporcionar. Isso tudo enquanto uma parte do país sofria com perdas por fortes chuvas.
Mas vamos ser sinceros: nada disso surpreende no Brasil. Vivemos um país das “diversões”. A realidade das pessoas é uma, mas o que acontece dentro dos brinquedos é um mundo paralelo. Há trenzinhos das alegria constantes com políticos envolvidos em esquemas de corrupção. Todos os ocupantes sorriem e dão “tchauzinho” para quem fica do lado de fora.
A roda-gigante gira o tempo todo, mas não sai do lugar. Ela fica ali, com algumas pesssoas em andares mais altos e outras na parte inferior. A montanha-russa anda lentamente para subir, mas desce a todo vapor com as inconstâncias que trazem instabilidade para um país fragilizado. Já o barco viking flutua de um lado para o outro sempre concentrado na polarização entre os dois lados.
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Esse parque das diversões real está longe de ser motivo de animação. Só que quem “brinca” dentro dele não está nem aí para isso. O principal virou aproveitar-se da diversão sem nem se importar com quem está na fila de espera.
Bolsonaro nada mais fez do que resumir o que o Brasil se tornou. Ele se divertiu. O resto é o resto. No Brasil das diversões, o importante é sorrir mesmo no desespero.
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