Um vírus desconhecido começa a circular pelo mundo de forma avassaladora. Enquanto notícias levam a crer para a origem da doença em solo chinês, aos poucos se espalham casos de contaminação em outros continentes em alta velocidade. Pessoas adoecem, são internadas e depois morrem por conta do vírus. Governantes ficam atordoados sem saber como agir, mas usam casos históricos semelhantes para adotar medidas de restrição de circulação e evitar mais perdas.
Continua depois da publicidade
Leia todas as crônicas de domingo
Pessoas assustadas deixam de conviver umas com as outras pelo medo da transmissão do vírus. Escolas fecham, restaurantes deixam de atender presencialmente, famílias cancelam compromissos. Tudo isso em questão de semanas. Como solução, cientistas passam a estudar vacinas capazes de conter a proliferação da temida doença e salvar vidas numa corrida desenfreada. Em tempo recorde, os especialistas encontram imunizantes eficazes que foram estudados e referendados por órgãos de controle em diferentes países.
Começa, assim, a tão esperada vacinação. Milhões de pessoas correm aos postos de saúde atrás da salvação. Em meses, os percentuais de imunização avançam rapidamente, enquanto as mortes passam a cair numa resposta de que os remédios estudados surtem o efeito esperado. Contudo, ressurge um movimento até então escondido capitaneado pelos antivacinas. Eles se apoiam em teorias sem comprovação científica para, pasmem, combater os imunizantes do vírus.
Em várias partes do mundo, estes grupos se espalham em protestos, audiências, congressos e reuniões. O percentual de vacinação, que vinha em aceleração, passa a ter freios pela diminuição da procura pelos medicamentos, e o mundo volta a ficar em quadro de tensão pelo novo avanço da doença…
Continua depois da publicidade
Tudo isso bem que poderia ser um roteiro de ficção digno de grandes produções hollywoodianas, mas é o que sentimos na pele desde março de 2020. Quando pensamos que estávamos a caminho da normalidade, agora convivemos com quem ataca a vacinação. Os antivacinas ganharam espaço de forma assustadora.
Países voltaram a ter lockdown pelo medo de mais mortes enquanto a imunização fica estagnada. O vírus da Covid-19 se somou ao vírus da desinformação e da afronta à ciência sob argumentos frágeis. Tudo o que antes apontava para a normalidade agora volta a ser preocupação. Estamos diante de um filme de terror com cenas capazes de assustar uma sala de cinema.
Leia também:
O mito
Muda de opinião como muda de roupa
O que os livros de história vão contar