Retomei um bom ritmo de leitura depois do primeiro ano e meio de nascimento de João Pedro. Resgatei algumas obras que estavam guardadas apenas nas intenções, mas também aproveitei para conhecer novos livros. Os mais recentes se encaixam nesta estante. Por indicação de minha mãe, uma recente adepta aos e-books em seu Kindle que ganhou de presente dos filhos no aniversário passado, conheci O Avesso da Pele, de Jeferson Tenório, e Os Supridores, de José Falero.

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Tenório retrata a história de um professor de escola pública contada pelo próprio filho. A vida de pessoas próximas a eles também ganham relatos detalhados, incluindo uma personagem que cresceu em Santa Catarina. A obra escancara o racismo estrutural da rotina brasileira com um texto muito bem escrito. Em 2021, o livro venceu o prêmio Jabuti.

A qualidade é a mesma da obra de Falero. Mas as intensidades dos livros são diferentes. Enquanto Tenório aposta nos relatos em primeira pessoa, Os Supridores conta a história sobre Pedro e Marques. Eles trabalham em um supermercado na função de repositor, também chamada de supridor. Os diálogos longos são um diferencial. As conversas entre os dois personagens principais tornam-se as principais atrações de um livro que prende com mais intensidade a cada página.

Recomendo ambos, tanto pela qualidade como pelos temas abordados. São leituras assim que me fazem fugir um pouco da rotina agitada do trabalho, mas sem deixar de se atentar para a realidade que está ali do lado de fora. No caso do livro de Falero, por exemplo, foi como se eu estivesse vendo um filme baseado em fatos reais.

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Os capítulos finais, então, são dignos de um roteiro de telões de cinema. Me fez lembrar que desde antes da pandemia não assisto a um filme fora de casa. Assim como a retomada da rotina de livros, percebi que chegou a hora de voltar ao cinema. Espero que seja com a mesma qualidade dos roteiros dos e-books lidos recentemente.

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