Um dos piores lados das redes sociais é a eterna sensação de que tudo está perfeito. As pessoas – e me incluo nisso – fazem verter um cenário de perfeição. São fotos de alegria, de festa, de viagens. Os “influencers”, que se sustentam pelas redes sociais, então, trazem uma realidade digna de filme. É tudo lindo, nada a mudar. Mesmo assim, não consigo enxergar nisso a perfeição. Até porque, na realidade, aquele mundo na maioria das vezes é mentiroso.
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A realidade por trás dos celulares esconde um fator fundamental: a saúde mental. Ela está invisível nas redes sociais como se fosse um fator capaz de exclusão. E isso representa justamente o cenário social. O que se vê é um pré-julgamento de quem admite dificuldades psicológicas. Basta ver ao nosso redor. A pessoa admitir que faz terapia, por exemplo, já a torna motiva de brincadeiras.
O episódio da multicampeã olímpica americana Simone Biles veio para evidenciar essa infeliz realidade. A ginasta abriu mão de competir por mais medalhas de ouro por não se sentir bem mentalmente. E o que aconteceu? Aquilo que vemos diariamente. Ela foi criticada por não resistir, por não corresponder à expectativa.
Há quem argumente que ela é paga para enfrentar qualquer adversidade, como se dinheiro fosse sinônimo de uma barreira para problemas psicológicos. Não é. Casos como o de Simone Biles escancaram um abatimento que não distingue classe social. Ou há preço para a saúde mental?
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A única distinção fica para as formas de encarar problemas psicológicos. Em um país desigual como o Brasil, há quem tenha formas mais fáceis de acesso a tratamentos. No cenário ideal, a saúde mental deveria ser prioridade governamental, assim como de livre acesso às pessoas, independentemente da renda.
O resultado de uma atenção prioritária aos fatores psicológicos talvez não se torne post em rede social, mas pelo menos vai traduzir uma realidade. Nada mais importa do que isso. O resto é apenas “firula”.
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