Está na moda o amado e odiado passaporte da vacinação. Particularmente, sou favorável. E não consigo compreender que mal faz a exigência de algo que veio para salvar vidas. Mas, como bem sabemos, existem resistências tanto de empresários como dos que gritam “meu corpo, minhas regras”. Justamente para esses casos – dos antivacinas – e de mais outros grupos é que sugiro aos gestores públicos outro passaporte: o da ignorância.
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Alguns requisitos comportamentais seriam os balizadores para a emissão do documento. Vamos às sugestões:
– Recusa a vacina sem prescrição médica por eventuais questões médicas e ainda usa discursos como “liberdade” e “meu corpo minhas regras”;
– Desrespeita a regra do uso de máscara e a chama de “focinheira”;
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– Agride ou até tenta matar quem o pede para que use máscara;
– Destila preconceito nas redes sociais (sendo que nestes casos a pessoa também mereceria um passaporte de racisimo ou de homofobia);
– Propaga a defesa “Deus, pátria e família”, mas na primeira oportunidade ataca sob pretextos hipócritas;
– Defende medicamentos contra a Covid-19 mesmo depois de diferentes casos que comprovam a ineficácia dos remédios;
– Acha que a terra é plana.
Caso realmente o passaporte da ignorância fosse criado, ele serviria no sentido inverso do passaporte da vacinação, que é exigido para entrar nos estabelecimentos. O documento dos ignorantes seria usado para barrar quem tivesse a intenção de circular em determinados locais. Pessoas que acumulam ou possuem pelo menos um dos requisitos acima mostram-se cada vez mais perigosas.
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Algumas delas têm até orgulho de serem ignorantes de “carteirinha”. Por isso é que é sempre bom identificá-las e evitá-las. A exposição de argumentos negacionistas e criminosos poderia, pelo menos, fazê-las refletir. Se isso não for suficiente, aí teremos que evoluir nos instrumentos e partir para um atestado de ignorância.
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