Quando os brasileiros estavam assustados e precisavam de um líder para guiá-los diante da pandemia que matava de uma forma sem precedentes, ele chamou o vírus mortal de “gripezinha”. As pessoas morriam, e ele perguntava: “e daí?”. Enquanto todos os países priorizam a vacina, ele propaga medicamentos sem eficácia contra a doença. Como “ameaça”, chegou a dizer que os vacinados podiam virar jacarés e ainda distribuiu sorrisos e gargalhadas em meio ao choro do país.

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Mesmo com ele remando contra, a vacina chegou ao Brasil. E ele ainda não se vacinou, ou pelo menos não quer assumir que o fez. Sempre que fala sobre isso, aliás, faz questão de colocar em xeque a eficácia dos imunizantes. Ele foi para os Estados Unidos discursar na ONU e passou vergonha porque não estava, justamente, vacinado. No discurso, pintou um país desconhecido por quem vive aqui.

Mas não foi só isso. Em dois anos e nove meses, o mito também falou e fez mais…

Com 163 mil mortos pelo coronavírus, chamou o próprio país que governa de “maricas” porque, segundo ele, “tudo agora é pandemia”. Dias atrás, em uma entrevista, disse que muitas das vítimas de Covid já tinham alguma comorbidade, e que a doença “abreviou a dia delas em alguns dias ou semanas”. Em janeiro deste ano, ele, o líder, disse que o país estava quebrado, e que por isso nada podia fazer. Ainda culpou a mídia por “superdimensionar” uma doença que há havia matado quase 198 mil pessoas no Brasil. Já, recentemente, com uma crise econômica e social batendo à porta dos brasileiros, ele chamou de “idiota” quem defende comprar feijão ao invés de fuzil…

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Os episódios acima são alguns dos exemplos dos comportamentos de quem é aclamado por uma parcela da população como mito brasileiro. Diferentemente da essência da mitologia, contudo, nada é irreal neste caso. E nem tem algo de positivo nisso tudo, longe das jornadas heróicas ou salvadoras dos grandes mitos. O mito aqui é bem real para o Brasil e responsável por atrasar o próprio país na saída da sua pior crise da história. Uma narrativa triste e desoladora.

Como mostra a sua trajetória, tudo leva a crer que realmente ele ficará marcado nos livros como um mito, mas daqueles que poucos vão acreditar nas reais versões, mas que muitos poderão comprovar o impacto de suas ações.

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