Fiquei sabendo pelas redes sociais sobre a morte de David Coimbra. A primeira coisa que pensei foi: preciso ligar para a minha mãe. Puxei o telefone, respirei fundo e liguei. Perguntei como estavam as coisas antes de contar a triste notícia de que um dos jornalistas preferidos dela havia partido.. Senti logo no começo da conversa que a notícia a abalou. E não podia ser diferente. Minha mãe era daquelas que recortava as crônicas de David para compartilhar com amigas e a família: “Ó, filho, guardei este texto do David Coimbra para você ler, veja que coisa mais linda”.
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Foi assim que me tornei um admirador do jornalista/escritor/artista. David era mais do que um cronista. Ele emocionava como uma peça de teatro, fazia sorrir como um filme de comédia, questionava como um ótimo repórter. Nos últimos anos, desde que descobriu o câncer que o levou na sexta-feira, 27 de maio, acompanhei pela minha mãe as notícias sobre o tratamento dele. A cada ausência por longos tempo, a sensação era apreensão e preocupação.
Dias atrás, quando falamos ao telefone, ela estava contente: “o David voltou!’. Vibramos juntos e fui ver a crônica de retorno. Era mais uma obra de arte, apesar do triste relato. Ele contava sobre os momentos de dor, mas finaliza o texto com um “a vida é boa”. Tudo ao estilo de quem fazia da vida um crônica mesmo tendo tanto motivo para reclamar e estar insatisfeito.
Não conhecid David pessoalmente, mas era como se fôssemos conhecidos através da minha mãe. Por isso fica mais fácil de descrevê-lo sem nem sequer ter trocado palavras com ele. Era como se minha mãe e David fossem amigos de longa data, como se conversassem todas as semanas através dos textos dele escritos em Zero Hora. Pelo menos é como representou a partida tão precoce.
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A sexta-feira, 27 de maio, foi triste e pesada para ela, como se um grande amigo tivesse partido. Um amigo daqueles que nunca se apresentou pessoalmente, mas capaz de fazer parte da vida da outra pessoa como se ambos fossem íntimos. Foi por isso que a partida de David deixou tanto dor, afinal ele era parte da história de tantos leitores, espectadores e ouvintes. Um amigo à distância que fará muita falta.
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