Há quase 12 anos o pequeno Mac vive com a gente. Lembro como se fossem hoje os primeiros dias daquele peludo acordando na madrugada ao se adaptar à nova casa. Ainda morávamos em Blumenau, e quatro anos depois nos mudamos para Florianópolis. Mac acompanha tudo, cada transformação e amadurecimento da nossa família nestes longos anos.
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Aprendo com ele tanta coisa que seria difícil listar aqui sem esquecer algo, mas uma delas é a mais importante: os animais sabem amar incondicionalmente. Não importa se eu acordo emburrado ou sorridente, Mac sentará perto das minhas pernas. Posso ter cometido um grande erro no trabalho ou me equivocado em algo dentro de casa, mas o pequeno cachorro de quase sete quilos estará ali comigo.
Mac não quer saber se mereço ou não qualquer carinho. Ele entrega carinho de qualquer forma. Fico até pensando como podemos merecer tanto companheirismo. Falo “podemos” porque trato do plural: nós, humanos. Somos completamente diferentes. E o pior: ainda fazemos mal a quem só sabe fazer o bem.
Na última semana, uma imagem resumiu isto: o pequeno Kauan, um garoto catarinense, foi flagrado inconsolável em frente ao seu cachorro que havia sido morto horas antes envenenado. O pai da criança contou que Kauan chorou e ficou inconformado: “não sabia porque tinham matado o Panda”.
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Com apenas 10 anos, o garoto de Ituporanga aprendeu que a crueldade humana não tem limite. Um adulto – que bem sabemos tem consciência de cada um dos seus atos -, envenenou um cachorro e ainda deu um choque de realidade em uma criança que jamais imaginou tamanha desumanidade.
Não só Panda foi vítima de um veneno. Nós, como sociedade, estamos envenenados. Por mais que Mac e Panda distribuam carinho, ficam reféns de humanos conscientemente cruéis. Uma dor que não há explicação e jamais fará sentido para Kauan, afinal as crianças ainda não entendem do que pessoas envenenadas pela crueldade são capazes de fazer.
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