Popularizou-se ultimamente a expressão do título acima na tentativa de entender como as pessoas se sentem além das redes sociais. Escrevi algumas crônicas atrás sobre isso. Enquanto no Instagram a foto é de alegria, quando o celular fica de lado a realidade é outra. O mesmo podemos usar para os nossos nobres políticos. Espalhou-se pela internet uma nova classe de gestores públicos, aqueles que governam ou legislam para as redes sociais. Mas, peço licença, e uso a expressão que ganhou a internet nos últimos dias para perguntar: e fora do story, o que você tem feito?
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Sigo dezenas, talvez centenas de políticos. E tem de tudo. Há os adoradores de vídeos, aqueles que raramente falam de suas regiões e preferem os assuntos nacionais, os polêmicos, os mais retraídos. A pior classe é aquela que praticamente só trabalha para a internet. Até faz alguma ou coisa no dia a dia das pessoas, mas tem preferência por ir às redes sociais gritar aos quatro ventos quando enxerga uma polêmica. O problema do cidadão até ganha sua atenção, só que o tema da “treta” é o que o atrai.
Do lado oposto, há uma claque ávida por isso. Os seguidores aplaudem, comentam como se fossem uma plateia radiante. Ninguém nem pensa se aquilo realmente tem relevância. O que importa é a polêmica. E assim segue a rotina. Caso algum seguidor pense diferente e ouse se posicionar no sentido contrário, já é atacado pelos leões defensores. Predomina a onda do reacionismo sem qualquer ponderação ou bom-senso.
O problema, portanto, está justamente nessa infeliz equação. Enquanto houver a receptividade para os gestores públicos “influencers”, o ciclo não será interrompido. A roda continuará girando como se o importante fosse agradar uma plateia que aplaude qualquer posicionamento ideológico do momento. Mas, repito a pergunta, só que com olhar diferente: e fora do story? Quando será que o seguidor vai largar o celular e olhar pela janela de casa?
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Discussões ideológicos e políticas têm sua importância, sem dúvida alguma. Agora, um gestor público não deveria sobreviver disso logo no meio em que poderia ser seu canal de aproximação com as pessoas para a resolução dos problemas sociais. É muito fácil “jogar para a galera”. Difícil mesmo é tomar decisão que desagrada e encarar o ônus, seja nas ruas ou no próprio ambiente que se tornou o preferido dos políticos para amaciar o ego, a internet.
De influencers as redes sociais já estão cheias. Mais justo com os cidadãos e até com o dinheiro público é ter dos eleitos uma postura de gestão. Caso contrário, nem precisaria dispender tempo em campanhas e eleições. Basta criar um perfil virtual e sair por aí causando polêmica.
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