É por esses dias que a gente escreve aqueles textos básicos de desejos para enviar a familiares e amigos. Queremos que o novo ano da pessoa querida seja com saúde, amor, luz, sucesso… e assim vai. Geralmente, enviamos no automático. Nem pensamos no que realmente queremos dizer com tudo o que desejamos. Este é o caso de um dos termos mais comuns nas listas: paz. A colocamos lá no meio de forma convencional sem que haja um sentido para tanto.

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No Brasil dos tempos atuais, contudo, este desejo tornou-se urgente. Há tantas outras coisas tão importantes quanto a paz quando olhamos para a realidade brasileira, obviamente. Mas, em paralelo, precisamos de tranquilidade. Nem no final de ano, quando a poeira baixa e as pessoas aproveitam para comemorar, a gente consegue ter paz por aqui.

A última foi a – nova – presepada do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, em instituir uma consulta pública para decidir sobre a vacina contra a Covid para crianças. A esperança havia batido a porta com a liberação da Anvisa para a aplicação dos imunizantes da Pfizer no público entre 5 e 11 anos. Aí veio Queiroga e nos roubou a paz, outra vez.

Este é só um exemplo dos inúmeros episódios de 2021 em que pouco tivemos de serenidade. O habitual foi justamente o contrário. Ficou claro que a estratégia de muitos é conviver no caos. Por isso que a paz tornou-se o melhor desejo para 2022.

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As perspectivas, obviamente, não são boas. Virou comum nas rodas de conversa aquele comentário: “O ano que vem vai ser uma guerra por causa da eleição”. Todos temem que a polarização entre Lula e Bolsonaro nos consuma os já escassos momentos de paz.

Por essa e outras perspectivas já inerentes ao nosso contexto social é que vestir branco na virada de 21 para torna-se obrigatório. Quem sabe assim a gente consiga pelo menos levar um pouco de energia para trazer a tão esperada tranquilidade que anda desaparecida.

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