Sentado na areia da praia, aquele senhor de estatura média, barba por fazer e simpatia no rosto puxa papo com todos que lhe lançam o olhar. Quando vai para a água, dá um jeito de se enturmar até com as crianças. O vendedor passa perto ele já troca umas palavras, mas nada compra. E assim vai se relacionando com um ou outro. Resolvi, então, puxar conversa. Ficamos por uns 15 minutos conversando sobre família, filhos, carreira, o crescimento da cidade… Era uma conversa emendada na outra, sempre com uma leveza digna de uma praia ensolarada no domingo de manhã.
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Sou daqueles que gosta de conversa despretensiosa. Nada muito longo, mas aqueles minutos sem compromisso em que a gente aprende um pouco sobre outras visões com pessoas até então desconhecidas. A praia é um lugar ótimo para isso. Tirando aqueles que só querem deitar sob o sol e aproveitar a água, há bastante gente interessada em bater um bom papo na areia.
Talvez seja algo de família, porque minha mãe é daquelas que vai para a praia e volta cheia de história para contar. Mas também acredito que tenha ligação com meu cachorro. Sim, o pequeno Mac de 11 anos. Após uma temporada na casa dos meus pais enquanto viajávamos, ele voltou a estar com a gente na última semana. Por conta disso, também voltamos a sair mais na rua para os dois ou três passeios diários pelo bairro. Logo no primeiro dia já fui abordado por vizinhos dos apartamentos próximos: “ué, estavas sumido. Não tinha mais te visto por aqui com o seu cachorro”.
Uma vizinha telespectadora estava achando que eu havia me mudado. Logo expliquei a ausência e emendamos um bom papo sobre as nossas vidas. Com os cachorros, circulamos e socializamos mais. Para quem gosta de jogar conversa fora ou até aprender mais sobre assuntos que nem sequer dominamos, é uma ótima rotina.
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O melhor disso tudo é que a gente vai gostando de conversar sem compromisso com desconhecidos. Os melhores papos surgem justamente do improvável. Eles moram naquelas histórias surpreendentes de alguém que estava sentado ali perto da gente na praia. Pelo visto, ali na frente, ainda vou me tornar o senhor de estatura média e sorriso fácil que puxa a palavra com todos abertos a qualquer conversa.
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