Talvez fosse aquele o primeiro carro de argentinos para a temporada que está chegando. Eram quatro pessoas dentro dele, o que parecia uma família com o casal e duas filhas. Eles chegaram a Florianópolis no sábado ensolarado do primeiro dia de liberação das fronteiras para turistas. No banco da frente, a suposta mãe fotografava as atrações com um encantamento visível.
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Primeiro foi a estátua da Havan, na Via Expressa. Mais adiante, quando voltei a encontrá-los no trânsito, a fotógrafa argentina mirava a Beira-Mar Norte com seu celular. Ao mesmo tempo, as quatro janelas do carro estavam abertas, e os ocupantes olhavam para fora enquanto sentiam o vento bater no rosto.
Ao enxergar aqueles momentos de contemplação dos turistas, me lembrei das primeiras vezes que vim a Florianópolis. Era a minha adolescência, talvez a mesma idade das filhos dos argentinos naquele carro. O comportamento também era semelhante. Meus pais nos bancos da frente e eu e meu irmão atrás. Assim que entrávamos na Beira-Mar Norte os vidros eram abertos e o vento vinha no rosto.
Ficávamos admirando cada momento, desde o brilho do mar reforçado pelo sol até os caminhos que nos levavam a Ingleses, onde passamos alguns verões. Algumas dessas imagens de 15, 20 anos atrás, me vieram à cabeça de novo ao ver os argentinos sorrindo à toa e me fizeram pensar no que motiva tanto encantamento.
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Parece claramente que é um dos motivos que dá a Florianópolis o apelido de “Ilha da Magia”. Sei que em outras cidades também ficamos admirados ao chegar quando vamos passar férias. Mas aqui a magia é evidente, não só pela novidade da viagem. Floripa se abre para o visitante com um visual sem igual.
Fica até difícil competir quando o que o turista encontra logo de primeira é o nosso cenário. É inevitável a mágica acontecer naquele instante. Assim como foi com os primeiros argentinos desta temporada, muitos outros sentirão a magia, seja pela primeira vez ou a renovação desse sentimento. E sei bem como é isso porque o encantamento daquelas viagens da adolescência se renovam a cada dia por aqui.
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