Esperar por grandes avanços que a força-tarefa de investigação não trará talvez seja estar muito otimista em relação à CPI dos Respiradores na Assembleia Legislativa (Alesc). O principal mérito da comissão formada por deputados mora em outra finalidade: a exposição. E ela pode ser dividida em duas frentes.
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A primeira é a revelação da bagunça interna que foi a compra dos 200 respiradores por R$ 33 milhões sem garantia alguma. Já a segunda está justamente em uma das maiores críticas às CPIs, o fator político. Mesmo que a comissão dê holofote aos membros, ela também possibilita que os catarinenses tirem suas conclusões sobre o trabalho dos parlamentares. O que antes ficava apenas nas sessões e reuniões de comissões, ganhou mais holofotes com uma investigação importante e de repercussão.
As sessões têm sido longas, com diferentes tipos de atuação. Há perguntas técnicas, claro, mas aparecem também posicionamentos ideológicos, insinuações, frases despropositadas. Em alguns momentos, os depoimentos tornam-se palco para discursos e até mensagens que dariam inveja em muitos palestrantes motivacionais.
Nem toda a exposição é positiva. Por isso que cabe aos deputados protagonizar uma CPI técnica e não política. Pela transmissão feita no YouTube da TVAL, por exemplo, é possível perceber o interesse do catarinense no assunto. A audiência é alta. Cabe a quem assiste discernir os comportamentos.
Os bons números de acompanhamento também são um sinal positivo diretamente relacionado ao primeiro ponto deste texto. Quanto maior a audiência, mais gente consegue perceber a absurda compra dos respiradores. Os envolvidos, mesmo que direcionem a responsabilidade uns aos outros, deixam a clara a falta de organização na secretaria da Saúde no processo de compra dos equipamentos.
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Diante do sigilo da maior parte da investigação da força-tarefa, a CPI ganha uma grande responsabilidade de abrir aos catarinenses a forma com que o dinheiro público foi gasto sem garantias. O bônus existe. Mas o ônus é pesado. Ainda mais diante da tamanha repercussão do caso dos respiradores.
Desembargadores
Quase todos que participam como testemunha na CPI dos Respiradores na Alesc estão acompanhados de advogados. São poucos os que vão sozinhos. Entre os defensores estão dois ex-desembargadores de Santa Catarina. Nelson Schaefer Martins, ex-presidente do TJ, atua na defesa da ex-superintende de Gestão Administrativa da secretaria da Saúde, Marcia Geremias de Pauli. Já Nilton Macedo Machado é o advogado do dono de uma das empresas que ofertou proposta recusada de venda dos respiradores.