O incômodo do presidente da República, Jair Bolsonaro, com o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, escancarado nesta quinta-feira (2), não traz benefício algum para os brasileiros. Justamente no momento em que deveria haver uma comunhão de pensamento e ações, a população fica preocupada com a relação entre os dois principais responsáveis pelas medidas de combate ao coronavírus no Brasil.
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Uma possível saída de Mandetta, no atual patamar de atuação, atingiria em cheio o enfrentamento à doença. O ministro vem mostrando uma postura técnica e elogiada por especialistas. Vai contra ao que tem pregado o presidente da República em suas entrevistas e aparições públicas. E é por isso que o conflito existe.
Mas Mandetta está alinhado com recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS). Ou seja, reforço a postura técnica. Salvo os momentos em que aparentemente quis dar sinais de aproximação a Bolsonaro, como o dia em que disse que "às vezes os meios de comunicação são sórdidos", por exemplo, o ministro tem se mantido fiel aos apontamentos médicos.
A substituição do principal responsável pelo enfrentamento à pandemia no Brasil abre outra dúvida: quem seria o substituto? Uma das preocupações é que Bolsonaro indique um profissional alinhado ao seu pensamento. É bom lembrar que o presidente da República chamou o coronavírus de "gripezinha". A troca na Saúde em meio à pandemia traria insegurança à população.
O Brasil chegou nesta sexta-feira a 359 mortos. A doença pede uma reação responsável, sem conflitos internos. Mandetta acerta no comando da Saúde e age na medida correta ao evitar o confronto com Bolsonaro, que não esconde seus posicionamentos. O ministro suporta as críticas com uma diplomacia que deveria ser usada pelo presidente da República. Não à toa, segundo pesquisa do Datafolha, a aprovação de Mandetta diante dos brasileiros é disparada maior do que a de Bolsonaro.
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Segundo jornalistas do Centro do país, o ministro descarta sair neste momento e somente deixaria o cargo em caso de ser demitido. A responsabilidade está nas mãos do presidente. Bolsonaro sempre destacou a escolha de nomes técnicos para os ministérios. Mandetta é um deles, e vem fazendo um trabalho reconhecido pela população.