O ato isolado de comemoração em Balneário Camboriú com a diminuição das medidas de restrição do governo de Santa Catarina por conta do novo coronavírus, na próxima semana, está distante de refletir uma unanimidade entre os catarinenses. O anúncio do governador Carlos Moisés da Silva, trouxe preocupação a boa parte dos moradores do Estado, que esperavam por um tempo maior de isolamento para contenção da doença que tem 149 casos confirmados e uma morte em SC.

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Na prática, o plano de retomada vai testar os 14 dias de restrições determinadas pelo governo desde 18 de março. O Estado terá poucos dias para dizer se consegue ter a “convivência com o vírus”, como vem dizendo Moisés em suas entrevistas coletivas. Até segunda-feira, quando bancos e agências lotéricas abrem as portas, precisamos estar preparados para atender pacientes e fazer o maior número de testes possíveis de coronavírus.

Mesmo com o pedido das autoridades para que as pessoas permaneçam em casa, a retomada trouxe ao Estado um sinal de permissão. E ele pode resultar em movimentos nas ruas e aglomerações, apesar da proibição mantida. Caso a rede de saúde não esteja à altura para a retomada, a quarentena inicial terá sido em vão. Por isso é que a reabertura de atividades como shoppings centers, comércio em geral e academias, a partir de quarta-feira, coloca em teste as restrições apoiadas e elogiadas pelos catarinenses. Será o governo colocando em xeque aquilo que colocou em prática.

As prefeituras ainda avaliam como vão se comportar diante da decisão. Em Florianópolis, as equipes vão se reunir hoje para analisar. Os municípios da Grande Florianópolis decidiram que pretendem comprar testes em conjunto para conseguir analisar o maior número de casos possíveis e diminuir os riscos.

Claramente, a equação é complicada. O governo vem sendo pressionado por empresários através de entidades civis organizadas. Enquanto ataca com força a prevenção na saúde, precisa também pensar na economia. Sem medidas financeiras de peso por parte do governo federal, o Estado encara uma pressão maior. Desde a noite de quinta-feira, porém, um movimento vindo de Brasília parece dar sinais animadores: os deputados aprovaram uma ajuda de custo para desempregados e trabalhadores autônomos de até R$ 1,2 mil. Além disso, segundo o jornalista Lauro Jardim, do jornal O Globo, o governo federal prepara uma medida provisória de R$ 60 bilhões para que os donos de bares e restaurantes paguem três meses de salários dos funcionários.

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São sinais importantes e de alento que referendam decisões dos Estados para possíveis prolongamentos das quarentenas de isolamento. Pelas redes sociais, nas últimas horas, os perfis do governador têm sido inundados por comentários de catarinenses reclamando da decisão pela flexibilização, principalmente nos casos que possibilitam maior aglomeração. Como resposta, Moisés tem dito que ainda há seis dias pela frente até o final das duas semanas iniciais.

No Twitter, neste começo de sexta-feira (27), a hashtag #SCNãoQuerMorrer está entre os principais assuntos comentados. O movimento critica a decisão do governo do Estado e pede a revogação do alívio nas medidas. Independentemente da flexibilização, o principal pedido das autoridades segue uma linha: as pessoas devem permanecer em casa.