Dois procuradores federais em Santa Catarina se posicionaram nos últimos dias contra medidas de isolamento adotados pelo governo estadual no enfrentamento ao coronavírus. Os atos de ambos, porém, vão contra o que o próprio Ministério Público Federal (MPF-SC) tem defendido em seus posicionamentos conjuntos com os demais Ministérios Públicos (MP-SC e MPT-SC) no sentido de que a retomada econômica seja feita com base em respaldo científico, por exemplo. Uma recomendação com esta orientação, inclusive, foi enviada ao governador Carlos Moisés da Silva no começo da semana.
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Em 30 de março, durante a segunda semana de quarentena em SC, o MPF deu outra manifestação de apoio às medidas de restrição. A entidade documento junto com o MP-SC e o MPT-SC para reforçar a "importância da manutenção do isolamento social".
O procurador da República em Florianópolis Walmor Moreira, entretanto, foi no sentido contrário. Nesta quarta-feira (8) ele emitiu uma recomendação para o prefeito de Florianópolis, Gean Loureiro, para que seja extinto o decreto que proíbe as pessoas de irem à praia na Capital catarinense. Ele começa o documento com a frase: "A Constituição não está em quarentena". Em seu perfil no Twitter, o procurador se manifesta publicamente contra as medidas de restrição adotadas em Santa Catarina.
Um dia antes, na terça-feira, foi a vez do procurador federal em Lages Nazareno Wolff emitir um posicionamento ao governador com o pedido para que a atividade econômica na região fosse retomada. Segundo ele, se formou "um verdadeiro estado policial" a partir das restrições impostas pelos decretos do governo.
Com isso, o Estado assiste a um episódio inusitado, com as autoridades catarinenses recebendo recomendações do mesmo órgãos em sentidos opostos, o que transmite uma sensação de insegurança jurídica. Enquanto a direção entidade apoia os cuidados com as restrições, parte dela questiona os atos.
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