A criação de novas tecnologias e ferramentas de comunicação sempre veio atrelada a discursos semelhantes: facilitação de contatos, troca de informações, encurtamento de distâncias. Ou seja, redes sociais e aplicativos de conversa em celulares surgiram na esteira dos benefícios tecnológicos. Tinham tudo para facilitar e fazer as sociedades avançarem em diferentes frentes, principalmente nos dias de novo coronavírus.
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Em tempo de colapsos e epidemias (neste caso, uma pandemia), entretanto, as ferramentas de troca de informação têm sido usadas de forma criminosa e maldosa por quem só pense em atrapalhar. São incontáveis os áudios e vídeos compartilhados com informações falsas. Nestas horas surgem “especialistas” com “dicas” para combater o vírus sem qualquer tipo de comprovação de eficácia.
O problema não são as tecnologias. O problema está nas pessoas. O que leva alguém a transmitir pânico com mentiras em um momento em que qualquer informação por causar mobilizações desnecessárias e, pior, danos à saúde das pessoas? Com a facilitação da comunicação, fundamental em tempos atuais, muitos aproveitadores jogam áudios em grupos de WhatsApp que proliferam a desinformação.
Com a missão de levar a informação checada e verdadeira à população, cabe aos jornalistas deixar de lado a busca por informações essenciais para desmentir os boatos. Durante a última semana, o colega Cristian Weiss checou o vídeo de um homem que se diz nutrólogo e recomenda o uso de água oxigenada para a prevenção contra o coronavírus: nenhum dos especialistas ouvidos pelo repórter confirmou que o produto seja eficaz. No Irã, pessoas morreram ao tomar álcool adulterado para “curar” a doença.
O mesmo empenho desperdiçado vale para o poder público, preocupado em atender a população, mas que por muitas vezes deixa de lado essa missão para emitir comunicados esclarecendo conteúdos falsos. O coronavírus alterou o comportamento das pessoas, mas agora precisa também mudar a mentalidade de quem usa a tecnologia para atrapalhar.
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