A liberação do trabalho de autônomos e profissionais liberais nesta segunda-feira, em Santa Catarina, põe à prova a quarentena instituída no Estado. Além dos bancos e lotéricas, que estão em funcionamento desde 30 de março, este será o maior grupo que vai retomar as atividades desde 17 de março, quando o governador Carlos Moisés da Silva anunciou as restrições de circulação por conta do novo coronavírus.
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Em 26 de março, quando o governo esboçou um plano de retomada, depois desfeito, escrevi aqui que a estratégia testaria os primeiros 14 dias. Mas a decisão pelo recuo colocou mais tempo para o Estado trabalhar. Agora Santa Catarina terá um recomeço importante com quase 20 dias.
Do ponto de vista do poder público, estará em jogo a capacidade da Saúde em enfrentar o novo momento. O Estado teve três semanas para se preparar, fortalecer a rede e equipar leitos de UTI e profissionais. O números de espaços de UTI se aproxima de 800, com o planejamento de aumento para em torno de 2.515 mil. Mesmo assim, esta quantidade ainda não está operando.
Outro ponto importante é o número de testes. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda a aplicação em massa para isolamento de pacientes. Do ponto de vista de efetividade, o ideal seria o Estado ter um grande número de materiais para a retomada. Na prática, não é o que ocorre. Na semana passada, a secretaria de Saúde chegou a dizer que estava sem testes, mas na sexta-feira o governo confirmou o recebimento dos materiais para 5.280 kits. Isso pode ocasionar num aumento nos números de casos nos próximos dias por conta da demanda represada.
Mas há outro ponto importante na prova da retomada: o comportamento das pessoas. A primeira semana de bancos e lotéricas não agradou autoridades catarinenses. Filas e aglomerações foram contra as recomendações de saúde para conter a proliferação da doença. Com a volta de autônomos e profissionais liberais, os cuidados precisam ser regra básica.
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Pelo viés econômico, o recomeço das atividades é um sinal importante. Principalmente porque os profissionais com autorização para atuar dependem exclusivamente de suas ações para a garantia de renda. Para que o paralelo entre saúde e economia funcione corretamente, entretanto, será necessário que o tempo de quarentena tenha sido eficiente para o Estado estruturar a rede de atendimento e as pessoas mudarem seus comportamentos.