No cenário de enfrentamento ao coronavírus no Brasil, Santa Catarina foi um dos Estados que saiu na frente quando o assunto foi isolamente social. Agiu rápido, de forma surpreendente do ponto de vista de rigor. Mas colocou em prática o que mais se orientava do ponto de vista científico. No decorrer da pandemia no Estado, entretanto, o cenário de ações do governo catarinense foi mudando consideravelmente até chegar ao patamar atual de desencontro de medidas e demora para as ações. Neste mês de agosto, apesar de uma queda na curva da média de casos diários, as mortes seguem em alta.
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Evandro de Assis: A política virou comorbidade na pandemia de coronavírus em SC
A regionalização adotada a partir de 1º de junho tornou-se um muleta do governo para, ao mesmo tempo, dividir responsabilidades e atender aos apelos de prefeitos. Mas, desde lá, o que se viu é uma diminuição do protagonismo do Estado. A criação de um mapa com cores conforme o nível do coronavírus por região trouxe informação para os gestores. Só que faltou operacionalização para a função. Em nada adianta ter um mapa se pouco ele representa na prática. Somente em julho é que o governo decidiu intervir nas regiões com nível gravíssimo.
Este meio tempo foi suficiente para desentendimentos entre prefeituras e o Estado enquanto a curva do coronavírus subia consideravelmente. A criação de leitos de UTI foi visível e importante. No entanto, mesmo depois de assumir o protagonismo de determinar ações nas cidades mais preocupantes, o governo continua dando sinais trocados.
Há semanas a secretaria de Saúde vem falando em testagem e rastreamento, mas até agora não colocou em prática um modelo. Recentemente, ao liberar competições profissionais esportivas, prometeu uma portaria para regulamentar a atividade, mas o que veio foi uma portaria para dizer que a regulamentação ainda será feita. No pior momento da doença, o Estado se mostra lento.
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O professor do Departamento de Saúde Pública da UFSC, Fabrício Menegon, pontua: falta um plano de contingência para ações que pense tanto no combate do ponto de vista sanitário como no econômico. Por enquanto, o que se vê é o Estado pensando semana após semana.
ATUALIZAÇÃO: em entrevista à CBN Diário, nesta segunda-feira, o secretário de Saúde, André Motta Ribeiro, reconheceu que os índices apresentam sinais de queda no número de casos diários. Mesmo assim, segundo ele, a doença segue em aceleração no Estado. Por isso ainda não é possível falar em plantô ou pico da pandemia.
Quem está agindo
O posicionamento diante do coronavírus de quem vai concorrer nas Eleições 2020, seja ocupante de cargo público ou não, tende a interferir no olhar do eleitor. Durante a última semana, fiz uma enquete no Twitter sobre isso. Dos 154 votos, 66,9% dizem que a forma com que os políticos estão se posicionando vai interferir totalmente na sua decisão.
No meio do caminho ficam 25,3%, que vão avaliar a conduta diante do coronavírus para votar, mas que isso não será decisivo. Para 7,8%, a forma de agir dos candidatos na pandemia não terá interferência. São sinais de que a maioria está atenta aos gestores.
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