A relação entre policiais civis e militares em Santa Catarina é marcada por altos e baixos. Historicamente, as duas corporações sempre tiveram um bom convívio institucional, mas viveram períodos pontuais de tensão. Uma vez ou outra, policiais se desentendiam em ocorrências ou trocavam farpas publicamente. A atual crise da segurança pública catarinense, entretanto, é diferente. Com o pedido de demissão do delegado-geral Akira Sato do comando da Polícia Civil (PC), ficou evidente que há um clima nos bastidores de conflito entre servidores civis e militares.

Continua depois da publicidade

> Acesse para receber notícias de Santa Catarina por WhatsApp

Desde a aprovação da Reforma da Previdência, em agosto deste ano, os policiais civis passaram a creditar a falta de um regime igualitário à PM no Estado ao fato de que o governo Carlos Moisés da Silva é recheado de militares. É bom lembrar que o próprio governador é da reserva do Corpo de Bombeiros. Isso faz com que os civis entendam movimentos por parte do governo como uma tentativa de redução do trabalho da PC.

Volta e meia, nos bastidores há um movimento de delegados com críticas às decisões de Moisés relacionadas à relação entre as polícias. Por parte da PM, não ocorrem reações públicas. Durante a discussão da Previdência, alguns militares até chegaram a fazer manifestações pontuais quando perceberam uma reclamação crescente dos policiais civis contra o regime adotado para praças e oficiais.

Com a saída de Akira do cargo, os bastidores ficaram movimentados por conta de uma suposta tentativa de interferência de pessoas ligadas ao núcleo central do governo Moisés em investigações. Mais uma vez, vieram à tona acusações dos civis contra militares, o que ainda não se confirmou de forma oficial. O que há até o momento é uma enxurrada de versões e teses sem qualquer prova ou depoimentos por parte de investigadores, por exemplo. Para os militares do Centro Administrativo, as ações dos civis nos bastidores são tentativas de represália à Reforma da Previdência, enquanto os civis mantém o discurso de que são enfraquecidos pelo governo.

Continua depois da publicidade

Até as 17h desta segunda-feira (4), o governo Moisés ainda não havia confirmado a troca no comando da Polícia Civil, nem se posicionado sobre a crise que se iniciou na Polícia Civil, mas que se espalha sobre a segurança pública catarinense. Como governador, ele tem a responsabilidade de apaziguar o clima e afastar qualquer animosidade que exista entre civis e militares. Do contrário, mais do que corporações em conflito, o prejuízo será pior para a população de SC.

Leia também:

Polícia Civil de SC tem dia decisivo para futuro da delegacia-geral

Polícia Civil de SC se afunda em crise com trocas no comando e mexidas em delegados