Diante da lentidão do governo federal para a compra de vacinas contra a Covid-19, cresce a pressão sobre municípios e Estados. As pessoas passaram a cobrar de prefeitos e governadores a responsabilidade pela chegada das doses. No cenário atual, entretanto, qualquer compra por parte dos gestores municipais e estaduais é irreal. A guerra comercial ultrapassa limite de poder que esteja ao alcance dos prefeitos e governadores. Por isso é que a cobrança precisa ser sobre o Ministério da Saúde e o governo federal.

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Estado busca reforçar vacinação contra a covid na Grande Florianópolis e no Oeste

A disputa é entre países. As nações buscam a compra diretamente nos fabricantes em uma competição sem espaço para prefeituras e Estados. O que se vê em algumas partes do país, inclusive em Santa Catarina, tem muito mais peso de marketing e de pressão sobre o governo federal do que qualquer efeito prático.

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O governo catarinense, por exemplo, separou R$ 300 milhões no orçamento de 2020. A prefeitura de Florianópolis gaurdou R$ 20 milhões. Por mais que o dinheiro seja representativo, a disputa comercial supera qualquer reserva de valores. E essa realidade é destacada pelo próprio secretário da Estado da Saúde, André Motta Ribeiro, em entrevista a este colunista, na última semana:

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– Os EUA compraram toda produção da Pfizer, alguns países da Europa têm condições muito duras de aquisições e não querem disponibilizar para o restante do mercado. Não temos nem condição nem de entrar nesse jogo como estados e municípios.

Isso não exime, obviamente, os prefeitos e governadores de um papel fundamental: a cobrança para que o governo federal busque alternativas o quantos antes para repor as doses. Em alguns pontos de país as vacinas já acabaram. Não há mais tempo a perder, e o papel do Ministério da Saúde é agilizar contatos e contratos. Além disso, qualquer movimento de vacinas chegando ao país pode ser requisitado pelo governo federal.

O Brasil perdeu tempo em comparação aos outros países? Sem dúvida. Faz a diferença no momento atual? Claro. Sem chance para recuperar o tempo perdido, é hora dos gestores públicos focarem naquilo que gera resultado prático. Municípios e Estados se envolverem em negociações será ineficiente.

Temos histórico de campanhas de vacinação capitaneadas pelo governo federal. É disso que se trata, de fazer o ministério retomar o seu papel. Caso o espaço aumente nos próximos meses para negociações diretas entre municípios e Estados, o cenário muda. Mas agora é irreal.

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