O fato político das últimas 24 horas em Santa Catarina foi o movimento do governador de Santa Catarina e presidente estadual do PL, Jorginho Mello, de “assumir” um novo partido. E, no cenário político catarinense, apesar dos baixos números de eleitos, não se trata de qualquer partido: é o Republicanos, comandado até então pelo principal rival de Jorginho nos últimos anos, o ex-governador Carlos Moisés da Silva. Numa estratégia que envolveu o presidente nacional da sigla, o deputado federal Marcos Pereira (SP), o atual governador catarinense deu uma cartada forte para a disputa das eleições municipais.

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Nas negociações das principais cidades do Estado, o Republicanos havia acertado alianças com o PSD. É o caso de Florianópolis, Criciúma, Itajaí, Joinville e Blumenau, por exemplo. Tirando a Capital, nas demais o PL terá candidato próprio contra o PSD, seja com nome pessedista ou com apoio do partido. Ao conseguir mudar os rumos do Republicanos, Jorginho implode os planos desenhado por Moisés e retira a sigla de coligações já estabelecidas em cidades grandes.

Mas, na prática, como tudo se deu?

As conversas de Jorginho e Marcos Pereira não são de agora. Eles já haviam acertado que o movimento ocorreria, mas seria depois das eleições municipais. Pereira, entretanto, demostrou irritação com a forma com que Moisés conduzia o Republicanos em Santa Catarina. Os resultados apresentados até agora não o convenciam. Assim sendo, foi “a fome com a vontade de comer”.

Insatisfeito, Pereira disse a Jorginho que, se o governador catarinense cedesse um deputado federal para o Republicanos em SC, a mudança ocorreria agora. Foi aí que entrou Jorge Goetten, deputado eleito pelo PL no Estado. Goetten foi o terceiro mais votado em 2022, mas não estava satisfeito dentro do PL, além de receber críticas de colegas de partido pela postura mais branda, diferente da “intensidade” dos liberais advindos do bolsonarismo.

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Jorginho, então, indicou Goetten para a função de comandar o partido ligado à Igreja Universal e substituir Moisés, conforme autorizado por Pereira. O deputado catarinense terá o “amém” da presidência nacional do PL para trocar de partido fora da janela partidária, o que deve acelerar os trâmites no TSE. Na vice-presidência estadual do Republicanos, assumirá Juca Mello, irmão do governador de SC. Juca era uma figura até então de pouca visibilidade. Apesar de circular nos bastidores, não tinha holofotes. Agora, ganhará mais projeção.

Nas cidade onde o Republicanos não estava com o PL e havia optado pelo PSD, o resultado deve ser imediato. Executivas provisórias serão montadas para ditar os novos rumos sob o comando de Goetten, que estará sob a batuta da família Mello. Já na relação entre os governadores, o que Moisés não foi, Jorginho tem de sobra: habilidade política.