Um operação da Divisão de Repressão e Combate ao Crime Organizado (Draco) da Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic), nesta quarta-feira (8), teve como um dos focos o “Tribunal do Crime” montado por uma facção criminosa de Santa Catarina. As investigações se iniciaram em 2019, com a apreensão do celular de um membro do grupo que ocupava a função de “Representante”, com a missão de atuar nas ruas a partir da ordem do comando da facção que parte de dentro das unidades prisionais. Com as informações do aparelho, os investigadores descobriram a ordem e execução de, pelo menos, cinco pessoas. Entre elas, estava uma grávida.

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Apesar de o processo estar em sigilo, a coluna apurou detalhes sobre o caso. O homem que fazia o papel de “Representante” foi assassinado em agosto de 2022, dentro da penitenciária de São Pedro de Alcântara. Antes disso, porém, ele teria sido o elo entre as ordens dadas pelos chefes da facção. O comando do grupo fica, justamente, dentro de São Pedro de Alcântara, salvo em exceções dos detentos transferidos para unidades federais por conta do alto risco.

No celular do “Representante”, apreendido em 2021, foram encontrados contatos que demonstravam a ordem de um dos líderes da facção para que cinco pessoas fossem assassinadas após julgamentos no “Tribunal do Crime”, criado em 2019. Três dos casos eram relativos a uma “Central de Crédito” do grupo criminoso, também aberto naquele ano. Faccionados com dívidas financeiras dentro da própria facção passaram a ser condenados a morte.

Os outros dois casos que a Draco da Deic descobriu no celular eram distintos. Em um deles, o alvo foi uma mulher que, na época da decisão do “Tribunal do Crime”, estava grávida. A ordem dos chefes da facção, entretanto, foi para que a execução ocorresse após a criança nascer. O motivo da decretação interna: a vítima teria traído o marido, integrante da facção.

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No quinto caso apurado pela Deic, um homem suspeito de estupro, e que era integrante da facção, também foi assassinado. Todos os cinco registros foram repassados pela Draco para as delegacias de homicídios das cidades onde os fatos foram registrados. Os investigadores ainda apuram se o “Tribunal do Crime” segue atuante.

Os trabalhos são coordenados pelo delegado Antonio Claudio Seixa Joca, responsável pela Draco. Joca, no entanto, não fala sobre o caso.